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15/12/2010

Manifestação contra encerramento "inconcebível" de repartição de finanças em Gaia

Centenas de pessoas manifestaram-se esta manhã nos Carvalhos, em Gaia, contra o encerramento "inconcebível" e "inexplicável" da 3ª Repartição de Finanças do concelho, aí localizada, no final do ano.

"Não vejo aqui nenhum critério substantivo que possa conduzir a que se vão prejudicar 100 mil pessoas, criar dificuldades, é inconcebível e não encontro explicação para isto", salientou António Tavares, presidente da junta de Freguesia de Pedroso que "há mais de 30 anos" conta com uma das quatro repartições de finanças de Gaia.

O autarca afirmou considerar "inexplicável" a decisão de fechar aquele espaço que serve "um universo de mais de 100 mil pessoas", "uma área geográfica de nove freguesias, com cerca de 85 quilómetros quadrados" o que "é maior do que muitos concelhos deste país".

"Não há critério nenhum economicista que justifique uma medida desta natureza", realçou o presidente da junta, que também se juntou esta manhã à manifestação que contou com habitantes das freguesias de Pedroso, Perosinho, Sermonde, Grijó, Sandim, Olival, Crestuma, Lever, Serzedo e Sermonde.

Recordou que estes utentes não foram "ouvidos nem achados" na decisão do Executivo o que, já no ano passado, motivou uma recolha de "18 mil assinaturas" que não surtiu efeito pelo que, admitiu o autarca, foi necessário "continuar a lutar"

António Tavares lembrou ainda o "inconveniente para pessoas das freguesias do interior sul do concelho" que terão "de se deslocar, em média, 40 quilómetros, para ir para o centro da cidade" para "repartições de finanças que também estão já desadequadas".

Apesar de o encerramento estar previsto para o final do ano, o presidente da junta de Pedroso está "esperançado" que impere "o bom senso" e que "o ministro das finanças mande revogar, se for da competência dele, a extinção da repartição".

Empunhando cartazes de contestação, os manifestantes chegaram mesmo a percorrer o interior da Feira dos Carvalhos, que hoje se realiza, enquanto gritavam "Repartição Sim, Encerramento Não".

Mário Resende, comerciante e utente daquela repartição, foi um dos manifestantes que contou como costuma levar ali "dinheiro há 30 anos" de uma forma "fácil".

Com o encerramento daquele espaço nos Carvalhos, terá de se deslocar a uma das três repartições localizadas na freguesia de Mafamude, no centro de Vila Nova de Gaia o que, admite, irá ser "um bocadinho mais complicado" já que "em vez de andar a trabalhar e tentar ganhar dinheiro" vai "é perder tempo para as bichas e tudo isso é prejudicar".

A Câmara de Gaia enviou já duas cartas a Teixeira dos Santos - a primeira datada de 21 de Julho de 2009 e a segunda de 18 de Novembro de 2010 - contestando a decisão de encerrar a repartição dos Carvalhos.

A 13 de Dezembro o vice-presidente escreveu mesmo ao ministro das Finanças a pedir que se mantivesse aberta a 3ª Repartição de Finanças do concelho, mesmo que seja necessário encerrar outras do centro de Gaia.

Há cerca de 15 dias, os deputados do PSD eleitos pelo Porto prepararam um requerimento sobre o assunto.

Deputado do PSD acusa PS de "desleixo" e "mentira"

O deputado do PSD Luís Menezes criticou os deputados socialistas eleitos pelo Porto pela "mentira vergonhosa" e pelo "desleixo" no caso do encerramento da 3ª Repartição de Finanças de Gaia, decidida pela Direcção-Geral dos Impostos.

"O PS acusa hoje a Câmara de Gaia e o PSD de não terem feito nada pela 3ª Repartição de Finanças de Gaia. Isto é uma mentira vergonhosa do PS e dos deputados do PS eleitos pelo Porto", afirmou Luís Menezes, em declarações à Lusa.

Quem até agora "não se esforçou e tem sido cúmplice de todas as medidas do Governo para retirar serviços do distrito é o PS do Porto", observa o deputado.

O social-democrata lembra que "desde Julho de 2009 que a Câmara de Gaia tem enviado inúmeras missivas ao Governo, de forma a impedir o fecho da repartição".

Menezes recordou ainda que "há 15 dias os deputados do PSD eleitos pelo Porto prepararam um requerimento" sobre a questão.

Agora, diz o social-democrata, "o PS veio copiar este requerimento, fazendo dele novidade".

Para Menezes, "isto não é forma de fazer política e mostra o total desleixo dos deputados do PS, em particular do deputado João Paulo Correia".

O deputado garante que "o PSD vai continuar a lutar, em colaboração com a Câmara de Gaia, para resolver o problema da população" dos Carvalhos.

"É isso que nos preocupa e que devia preocupar o PS, e não andar a fazer política rasteira à custa da população", frisou Luís Menezes.

O deputado socialista João Paulo Correia acusou hoje a Câmara de Gaia de não se ter "esforçado" para evitar o encerramento da 3ª Repartição de Finanças do concelho, considerando que a autarquia "deve intervir não para agitar, mas para apresentar propostas alternativas".

Questionado pela Lusa, o vice-presidente da Câmara de Gaia, Marco António Costa, sustentou que a opinião do socialista assenta numa "profunda ignorância" uma vez que desde Julho de 2009 que a Câmara de Gaia tem solicitado ao Ministério das Finanças que não encerre aquela repartição.

"Ao contrário do Ministério da Administração Interna, nas Finanças tem havido muita dificuldade no diálogo", disse Marco António Costa, considerando que o "coitado" do deputado socialista "está a tentar desculpar uma borrada que está a ser feita pelo Governo em Gaia".

O vice-presidente da Câmara de Gaia escreveu segunda-feira ao ministro das Finanças a pedir que mantenha aberta a 3ª Repartição de Finanças do concelho, mesmo que seja necessário encerrar outras.

Marco António Costa alertou que a 3ª repartição de Finanças de Gaia, que o Governo decidiu encerrar, "situa-se no centro do concelho, servindo nove freguesias e mais de 100 mil cidadãos", ao passo que as restantes três estão concentradas no raio de um quilómetro, na sede do concelho.

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