À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

17/12/2010

Consumo privado entra em queda em Novembro

Pela primeira vez desde que começou a crise da dívida e que o Governo anunciou medidas de austeridade, as famílias portuguesas retraíram os seus gastos. Em Novembro, o consumo privado entrou em queda, recuando 0,4 por cento em termos homólogos. A economia aproxima-se da estagnação.

De acordo com os indicadores de conjuntura, hoje divulgados pelo Banco de Portugal, o consumo privado das famílias portuguesas registou no mês passado a primeira queda homóloga (menos 0,4 por cento) desde Agosto de 2009.

Desde Maio, altura em que o Governo anunciou o segundo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), o consumo privado começou a desacelerar, passando de um crescimento homólogo de 2,9 por cento para a queda de 0,4 registada em Novembro.

As medidas de austeridade que se seguiram depois disso, com vista a travar o défice orçamental e impedir que Portugal fosse contagiado pela crise da dívida na Grécia, colocaram ainda mais pressão sobre este indicador.

A maioria dos economistas tinha já previsto que os planos de consolidação orçamental apresentados pelo Governo e a perspectiva de um Orçamento do Estado de 2011 ainda mais austero colocassem sob pressão o consumo privado. Contudo, esta queda poderia ser atenuada por uma antecipação de compras na fase final do ano, devido ao aumento dos preços que deverá ocorrer em 2011, fruto da subida do IVA.

A acompanhar esta quebra do consumo privado está a confiança dos portugueses. De acordo com os dados do Banco de Portugal, o indicador que mede a confiança dos consumidores voltou a cair mais em Novembro, fixando-se nos 51 pontos negativos, o valor mais baixo desde Fevereiro de 2009.

Reflectindo esta conjuntura negativa, a economia prossegue a sua desaceleração. O indicador coincidente mensal do Banco de Portugal, que mede a actividade económica, aumentou apenas 0,3 por cento no mês passado, o valor de crescimento mais baixo desde Dezembro de 2009. Isto indica que a economia se aproxima, na fase final do ano, da estagnação, antecipando um 2011 ainda mais negro.

A maioria das organizações internacionais e dos economistas está a antecipar uma nova recessão da economia no próximo ano, devido ao impacto que as medidas de austeridade previstas (como o corte salarial na função pública e o aumento do IVA) terão sobre o consumo privado e o investimento. Contudo, o Governo permanece optimista e aponta para um crescimento de 0,2 por cento.

http://economia.publico.pt/Noticia/consumo-privado-entrou-em-queda-em-novembro_1471420

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails