foto carlos rui abreu/JN |
Trabalhadores da unidade de Guimarães cumprem o horário de trabalho à porta do supermercado desde quarta-feira |
A rede Supermercado Freitas encerrou, ontem, sexta-feira, e pode lançar no desemprego cerca de 238 trabalhadores das sete lojas e do centro de distribuição. A execução de uma penhora, na última terça-feira, despoletou a queda de um pequeno império que nasceu em 2003.
Os 37 trabalhadores da loja de São Torcato, Guimarães, do Supermercado Freitas foram os primeiros a sentir que estava para breve o fim da linha da rede de supermercados que teve uma propagação meteórica desde 2003.
Na última terça-feira, ao final da tarde, foi executada naquela superfície uma penhora requerida por uma empresa de distribuição de bebidas e os clientes e funcionários do "Freitas", como era conhecida a rede, foram surpreendidos pelo arresto de bens que, desde logo, inviabilizou a laboração. "Desde essa altura a porta está fechada. Nessa execução levaram muita maquinaria, mercadoria e dinheiro das caixas e alguns clientes assistiram a tudo e começaram a sair. Foi uma vergonha", recorda Juliana Pinto, funcionária. Ao que afirma Juliana, também terá havido uma acção do género numa das lojas de Braga mas os materiais levados não provocaram o encerramento.
Em causa está o emprego de 238 pessoas, muitas delas com graus de parentesco, que se estendem pelas sete lojas da rede e pelo Centro de Distribuição, em Famalicão.
Em causa está o emprego de 238 pessoas, muitas delas com graus de parentesco, que se estendem pelas sete lojas da rede e pelo Centro de Distribuição, em Famalicão.
Apesar do impacto que provocou a execução de terça-feira, Paula Sousa já há muito tempo que se apercebia que algo não estava bem. "Desde Março que, às vezes, havia produtos em falta nas prateleiras e não se repunham stocks. Antes recebíamos ao dia oito, depois começamos a receber a 20 e cada vez tínhamos menos clientes porque as pessoas iam chegando e, em alguns dias, não havia produtos para necessidades básicas", recorda esta funcionária, com mágoa.
Ainda são visíveis nas portas de entrada papéis afixados que avisam para a falta de alguns produtos, entre os quais, peixe.
Além da indefinição quanto ao futuro que espera este conjunto de funcionários, há outra preocupação imediata que lhes absorve o pensamento. "Falta pagar o mês de Novembro e o subsídio de Natal", atira Paula Sousa.
Além da indefinição quanto ao futuro que espera este conjunto de funcionários, há outra preocupação imediata que lhes absorve o pensamento. "Falta pagar o mês de Novembro e o subsídio de Natal", atira Paula Sousa.
Rosa de Fátima, cunhada do proprietário, Luís de Freitas, chegou a ser gerente de loja e também já adivinhava o desfecho que agora se constata. "Foi um crescimento muito rápido e pouco sustentado que acabou por dar nisto", afirmou. Rosa, tal como o JN, não consegue falar com Luís de Freitas. "Já tentei contactar a minha irmã e o meu cunhado mas há cerca de duas semanas que não há rasto deles", garantiu.
Desde quarta-feira, e até ontem, os trabalhadores da unidade de São Torcato (Guimarães), cumpriram o horário de trabalho à porta do supermercado à espera da oficialização do encerramento. A advogada dos trabalhadores tem, desde a tarde de ontem, um documento em mãos assinado pelo punho de Luís de Freitas, onde se refere o encerramento imediato de todas as lojas, a partir das 22 horas de 17 de Novembro (ontem). O documento não estava datado mas era o que faltava para que a vigília terminasse. "Está em causa um processo de insolvência que foi requerido pela própria empresa embora já houvesse outro pedido requerido por uma outra entidade", garantiu, ao JN, Rita Borges de Araújo, advogada dos trabalhadores. A causídica confessou que, apesar dos trâmites legais que o processo vai percorrer, "o futuro destes trabalhadores deverá ser o desemprego".
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