Miguel Costa Nunes
Carvalho da Silva defende que o crescimento não é um fim e que devemos produzir o que é necessário.
Manuel Carvalho da Silva diz que Portugal deve estar preparado para um "não crescimento económico ou mesmo para um decrescimento económico". No futuro próximo estas hipóteses são "muito prováveis", afirmou o secretário-geral da CGTP Intersindical numa conferência sobre "Pobreza e Exclusão Social" organizada na quinta-feira passada pelo Diário Económico e o Montepio - Associação Mutualista.
"Nestes dez anos houve crescimento económico, mas a desigualdade em Portugal só tem aumentado, tal como aumentou a frustração da juventude, piorou a distribuição da riqueza e se verificou um agravamento da pobreza em regiões desprotegidas e que têm sido alvos de desinvestimento", justificou Carvalho da Silva. "Mas isso [de ter crescimento zero ou negativo] não quer dizer que as pessoas vão viver pior. Queremos viver melhor, embora Portugal e a Europa não vão ter acesso como até agora às matérias-primas: e vamos ter que mudar o estilo de vida", disse ainda. "Vamos ter de ser desafiados e de criar emprego, mesmo sem crescimento económico. O crescimento tem servido, em muitos casos, para a acumulação rápida de riqueza por parte de alguns. E o que se produz é muitas vezes secundário: por vezes o que se está a produzir não interessa muito para a real necessidade de criação de emprego".
Grande mudança é a "inovação social"
"A grande mudança em Portugal é a da inovação social e isso implica um grande esforço por parte das pessoas. A criação de emprego tem que ser feita com base na produção das coisas que têm verdadeiramente importância para as pessoas. Mas também há que ter em conta os direitos sociais, porque não é possível ter emprego apenas com uma dimensão económica. E estão a verificar-se mudanças como o aumento da esperança de vida, o crescimento do número de mulheres no mercado de trabalho ou os movimentos migratórios para as quais a Europa tem respostas zero", acrescentou.
O responsável da CGTP que convocou a greve geral para o próximo dia 24 em conjunto com a UGT salientou nesta conferência que em tempos o trabalho já foi retribuído "apenas por subsistência". "Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer que o sonho era ter uma casa que, quando se limpasse, se visse que estava realmente limpa". Nas raízes dessa denominada "pobreza laboral" Carvalho da Silva sublinha que há hoje cerca de "30% de população com emprego, mas que é pobre e não consegue pagar as respectivas despesas".
Mais adiante o secretário-geral da CGTP lamentou o facto de "pouco" ter sido feito ainda no combate à pobreza em Portugal, "apesar de 2010 ter sido escolhido como Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social". "Os políticos em Portugal negaram estes objectivos, o que dá para pensar: se olharmos para os PEC e para o Orçamento do Estado, vemos que estamos muito mal e que ambos são uma negação desta realidade", diz Carvalho da Silva, sublinhando que a pobreza poderia superar os 40% da população portuguesa não fossem aplicadas medidas sociais introduzidas como o Rendimento Social de Inserção que considera "indispensável".
Neste Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social, Carvalho da Silva destacou cinco pontos que considerara muito relevantes no arranque de 2010. E que considera não terem sido "minimamente" cumpridos: identificação da situação actual dos mais pobres, definição do conceito de pobreza e promoção da respectiva consciência social, definição do conceito de exclusão, exigência de medidas imediatas, e realização de mudanças estruturais com dimensão de reforma e de ruptura.
Manuel Carvalho da Silva diz que Portugal deve estar preparado para um "não crescimento económico ou mesmo para um decrescimento económico". No futuro próximo estas hipóteses são "muito prováveis", afirmou o secretário-geral da CGTP Intersindical numa conferência sobre "Pobreza e Exclusão Social" organizada na quinta-feira passada pelo Diário Económico e o Montepio - Associação Mutualista.
"Nestes dez anos houve crescimento económico, mas a desigualdade em Portugal só tem aumentado, tal como aumentou a frustração da juventude, piorou a distribuição da riqueza e se verificou um agravamento da pobreza em regiões desprotegidas e que têm sido alvos de desinvestimento", justificou Carvalho da Silva. "Mas isso [de ter crescimento zero ou negativo] não quer dizer que as pessoas vão viver pior. Queremos viver melhor, embora Portugal e a Europa não vão ter acesso como até agora às matérias-primas: e vamos ter que mudar o estilo de vida", disse ainda. "Vamos ter de ser desafiados e de criar emprego, mesmo sem crescimento económico. O crescimento tem servido, em muitos casos, para a acumulação rápida de riqueza por parte de alguns. E o que se produz é muitas vezes secundário: por vezes o que se está a produzir não interessa muito para a real necessidade de criação de emprego".
Grande mudança é a "inovação social"
"A grande mudança em Portugal é a da inovação social e isso implica um grande esforço por parte das pessoas. A criação de emprego tem que ser feita com base na produção das coisas que têm verdadeiramente importância para as pessoas. Mas também há que ter em conta os direitos sociais, porque não é possível ter emprego apenas com uma dimensão económica. E estão a verificar-se mudanças como o aumento da esperança de vida, o crescimento do número de mulheres no mercado de trabalho ou os movimentos migratórios para as quais a Europa tem respostas zero", acrescentou.
O responsável da CGTP que convocou a greve geral para o próximo dia 24 em conjunto com a UGT salientou nesta conferência que em tempos o trabalho já foi retribuído "apenas por subsistência". "Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer que o sonho era ter uma casa que, quando se limpasse, se visse que estava realmente limpa". Nas raízes dessa denominada "pobreza laboral" Carvalho da Silva sublinha que há hoje cerca de "30% de população com emprego, mas que é pobre e não consegue pagar as respectivas despesas".
Mais adiante o secretário-geral da CGTP lamentou o facto de "pouco" ter sido feito ainda no combate à pobreza em Portugal, "apesar de 2010 ter sido escolhido como Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social". "Os políticos em Portugal negaram estes objectivos, o que dá para pensar: se olharmos para os PEC e para o Orçamento do Estado, vemos que estamos muito mal e que ambos são uma negação desta realidade", diz Carvalho da Silva, sublinhando que a pobreza poderia superar os 40% da população portuguesa não fossem aplicadas medidas sociais introduzidas como o Rendimento Social de Inserção que considera "indispensável".
Neste Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social, Carvalho da Silva destacou cinco pontos que considerara muito relevantes no arranque de 2010. E que considera não terem sido "minimamente" cumpridos: identificação da situação actual dos mais pobres, definição do conceito de pobreza e promoção da respectiva consciência social, definição do conceito de exclusão, exigência de medidas imediatas, e realização de mudanças estruturais com dimensão de reforma e de ruptura.
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