Em ano de crise, as cotadas ganharam 3477 milhões de euros nos primeiros nove meses. Foram quase 13 milhões por dia, que davam para pagar um ano a Ronaldo
A crise não parece ter atingido as empresas cotadas na Bolsa. Nos primeiros nove meses do ano, 18 das 20 sociedades que integram o principal índice da praça lisboeta, o PSI-20, arrecadaram 3477,54 milhões de euros de lucros, mais 38,05% do que em igual período de 2009.
Este montante daria para construir a linha de TGV Lisboa--Madrid. E ainda não são conhecidos os resultados da Mota-Engil e da Sonae SGPS. Se preferir o cálculo do valor gerado, diariamente, por estas 18 empresas, saiba que totalizou 12,879 milhões de euros. Quase tanto como o salário anual de Cristiano Ronaldo, o futebolista mais bem pago do mundo, que leva para casa 13 milhões.
O DN questionou Bagão Félix sobre este aumento de quase mil milhões de euros de lucros. O economista considerou que "há que dividir as empresas em dois universos: as que estão em mercado concorrencial e as que operam em mercados protegidos". Bagão Félix faz o paralelo com a banca e reconhece que, do ponto de vista emocional, as pessoas "não compreendem lucros tão elevados numa altura de crise", mas lembra que "estes devem ser comparados com o capital das empresas".
Por outro lado, e embora admita que não é "politicamente correcto", assume que, apesar de tudo, prefere que "os bancos e as empresas continuem a ter lucros, desde que permaneçam em Portugal". E explica: "Se a crise se estende a sectores tradicionalmente lucrativos, então estamos no último degrau."
Mas nem todos foram bafejados pela sorte. Os lucros da EDP Renováveis caíram de 70 para 22 milhões, enquanto a REN registou uma quebra de 116,3, para 79,2 milhões de euros. E, claro, a Sonae Indústria não conseguiu sair de terreno negativo. Se no caso da Sonae Indústria a explicação reside na reestruturação em curso (ver caixa), já a REN imputou a quebra especialmente ao agravamento da taxa de IRC, que gerou um impacto negativo de 8,9 milhões.
Quanto à empresa de energias renováveis, apontou o "perfil de sazonalidade do negócio no terceiro trimestre, associado a novos custos resultantes de capacidade comissionada e à estrutura de custos fixos referente a amortizações e juros".
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