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13/11/2010

Mais de dois mil postos de trabalho perdidos

Em pouco mais de um ano, Vila do Conde perdeu duas empresas de peso e mais de dois mil empregos: entre Maio e Dezembro de 2009, a Qimonda despediu mais de 1600 pessoas. A ex-Maconde perdeu 500 e está, agora, à beira de fechar portas.
Há três anos, o acordo de viabilização, apadrinhado pelo então ministro da Economia, Manuel Pinho, trouxe uma injecção de 6,6 milhões de euros e uma lufada de ar fresco para os 500 trabalhadores que a ex-Maconde se comprometia a manter.
Fecharam 23 empresas do grupo. Ficaram apenas a Macvila e a Mactrading. Agora, a última grande confecção da região viu, na passada quarta-feira, os últimos cerca de 50 trabalhadores rescindirem os contratos de trabalho por justa causa por falta de pagamento. Tinham em atraso os salários desde Setembro e 50% do subsídio de férias. Agora, restam na têxtil pouco mais de uma dezena de pessoas em cargos de chefia e escritórios.
"Deixaram acumular meses de salários em atraso, mas mantiveram sempre a esperança na continuidade para agora chegarmos a esta situação", desabafou Sandra Roque, operária da Maconde há 22 anos.
"Como é que uma fábrica daquelas chega a um ponto destes?", questiona o presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, que vem acompanhando com preocupação a situação na têxtil, lamentando a falta de acompanhamento do Estado ao investimento feito em 2007.
Recorde-se que, em Fevereiro último, os 221 trabalhadores da Macvila rescindiram os contratos por justa causa com dois meses e meio de salários em atraso e meio subsídio de Natal. Ficou a Mactrading. Em Maio, a empresa despediu 80, alegando um reajustamento do quadro de pessoal necessário à viabilização.
Agora, saíram os restantes e o fim da têxtil, que na década de 90 chegou a empregar, só em Vila do Conde, mais de mil pessoas, parece cada vez mais próximo, embora a administração garante que a situação é "pontual". O motivo apontado é a falta de pagamento de alguns clientes, garantindo a administração que, mal sejam liquidados os valores em dívida, a têxtil irá "regularizar salários e voltar a laborar".
Ali bem perto, há cerca de um ano, a Qimonda, outrora o gigante dos semi-condutores e líder no ranking nacional de exportações, terminava o conturbado processo que conduziu ao despedimento, só na unidade portuguesa, sediada em Vila do Conde, de 1600 pessoas. Primeiro foram os prestadores de serviços. Logo a seguir, em Maio de 2009, despediu 596. Em Novembro, mandou embora mais 660.
Volvido um ano, na Nanium (a "nova" empresa saída da falência da Qimonda AG detida em 41,06% pelo BES, 41,06% pelo BCP e 17,88 pelo Estado através da AICEP) emprega apenas 380 pessoas. Isto apesar de o plano de insolvência prever que, em doze meses, a empresa chegaria a empregar 770 pessoas.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1709460

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