Dois meses depois de ter começado o ano lectivo, ainda há crianças sem livros escolares porque as famílias não têm dinheiro para os comprar, alertou hoje a Assistência Médica Internacional (AMI).
“Os cortes nas prestações sociais levou a uma subida de escalões e fez com que muitas famílias que tinham acesso aos livros a preços mais acessíveis deixassem de o ter. Há crianças que ainda não têm os livros e estamos quase no fim do primeiro período”, afirmou Ana Martins, responsável do departamento de acção social da AMI.
A juntar aos baixos salários e à conjuntura de crise económica, a redução das prestações sociais veio complicar a vida de muitas famílias, sendo a compra de manuais escolares uma das questões visíveis. “Tem sido muito complicado lidar com a situação das famílias que não podem comprar os livros, que são muito caros. E há famílias que não conseguem arranjar 200 euros num mês para os comprar”, acrescentou Ana Martins.
A responsável da AMI salientou ainda que a crise que o país atravessa está a fazer sobressair situações problemáticas também ao nível da habitação, o que pode levar mais pessoas a estarem em risco de perder as suas casas. “Há dificuldade de pagar as rendas de casa, acumuladas com as situações de desemprego, o que pode acelerar o processo de aceleração da pobreza”, referiu, alertando que a habitação social em Portugal é das mais escassas na Europa.
Segundo a AMI, em Portugal a habitação social representa apenas cerca de cinco por cento do total do parque habitacional, enquanto na Dinamarca ou na Holanda ultrapassa os 40 por cento. Ana Martins frisa que as dificuldades que os portugueses enfrentam podem ter um impacto directo na forma como as instituições sociais trabalham: “Esta crise faz com que as coisas ao nível da prevenção sejam mais difíceis de trabalhar, porque as pessoas não têm dinheiro para pagar as rendas, a luz, a água ou o gás”.
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