À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

11/11/2010

Notícias da Greve Geral

Grupo CGD
As comissões de trabalhadores das empresas do Grupo Caixa decidiram dia 2 repudiar a aplicação das medidas gravosas contidas na proposta de OE 2011, nomeadamente os cortes salariais, a redução do subsídio de almoço, a não atribuição de remunerações variáveis, o congelamento de carreiras e promoções e a anulação do direito de negociação colectiva. Além de expressarem o apoio à greve geral, as CT da CGD, Fidelidade Mundial, Império Bonança e Cares lançaram ainda um abaixo-assinado dirigido a todos os trabalhadores do grupo.

Arsenal
 Em plenário, no dia 4, os trabalhadores do Arsenal do Alfeite aprovaram por unanimidade e aclamação uma moção de repúdio do processo de extinção do estabelecimento, exigindo a sua preservação como entidade pública, ao serviço da Defesa e da Marinha, com garantia dos postos de trabalho e dos direitos, e expressando apoio à manifestação nacional de dia 6 e à greve geral.

400 mil
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública apresentou pré-aviso de greve para 24 de Novembro, abrangendo o pessoal da Administração Pública central e regional, num universo superior a 400 mil trabalhadores de serviços dos ministérios, hospitais EPE, universidades, institutos públicos, sociedades anónimas de capitais públicos, embaixadas e consulados, IPSS e misericórdias.

Motivos concretos
A Comissão de Trabalhadores da Portugal Telecom anunciou, num comunicado divulgado na semana passada, a sua adesão à greve geral, «contra as políticas erradas que estão em curso» e «por uma política de gestão gestão que defenda os trabalhadores e o valor do trabalho». Fazendo um apelo aos trabalhadores para que «reflictam sobre os problemas concretos que os afectam» e às respectivas famílias, a CT da PT salientou que esta luta é também um acto de solidariedade com os trabalhadores com contratos precários, e a «resposta ao agravamento da situação social que se vive na PT».
«Com toda a força» estará na greve geral o SINTTAV (Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual), que emitiu um comunicado onde anunciou a sua adesão à luta.
Num encontro distrital, representantes de Comissões de Trabalhadores da Região de Lisboa, aprovaram, dia 3, um apelo à participação na greve geral, «por uma mudança de políticas» e «contra as injustiças».

Transportes
Os quatro sindicatos da Navegação Aérea de Portugal (NAV Portugal) anunciaram, dia 5, a sua adesão à greve geral de dia 24. Num comunicado conjunto emitido pela Comissão de Trabalhadores, os sindicatos dos Controladores de Tráfego Aéreo, da Aviação Civil e Aeroportos, dos Técnicos de Segurança Aeronáutica, dos Técnicos de Navegação Aérea e dos Técnicos de Informação e Comunicações Aeronáuticas, considera-se que as medidas anunciadas pelo Governo PS no Orçamento de Estado para o próximo ano são «um ataque inadmissível à negociação colectiva» e aos direitos dos trabalhadores. Os contratos colectivos na NAV Portugal estão comprometidos «por decisão unilateral do Governo», recordaram.
A greve geral, no sector dos transportes, contará também com a participação dos sindicatos SFRCI (Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante) e STHA (Sindicato dos Técnicos de Handling e Aeroportos), que se juntarão aos 18 sindicatos associados na Federação dos sindicatos dos Transportes e Comunicações, da CGTP-IN.
Na transportadora fluvial de passageiros entre o Barreiro e Lisboa, Soflusa, os trabalhadores reunidos, segunda-feira, em plenário, aprovaram, por unanimidade, a sua adesão à greve geral por considerarem a proposta de Orçamento de Estado do Governo, «uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores». No dia 4, um plenário na Transtejo, em Cacilhas, também aprovou a adesão à greve geral, por unanimidade e aclamação, com o apoio de todos os sindicatos representados na empresa e da Comissão de Trabalhadores.

Amorim vezes oito
Os lucros da Corticeira Amorim aumentaram quase oito vezes, atingindo 17,7 milhões de euros nas contas dos primeiros nove meses de 2010. Com este crescimento de 688 por cento, face ao mesmo período de 2009, «percebemos melhor o apelo lancinante, nas vésperas da última luta do sector, em 28 de Outubro», ironiza a federação de sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro. Num comunicado divulgado no início desta semana, a Feviccom/CGTP-IN recorda que a administração clamava «Contamos com o vosso apoio», no comunicado que distribuiu a tentar suster a greve. Com estes últimos números, fica mais claro ainda que «os magros salários dos trabalhadores corticeiros têm contribuído para engordar a riqueza do patrão». Actualizadas as contas, o grupo corticeiro obteve 65,5 mil euros de lucros líquidos por dia, mas quer actualizar os salários em apenas 22 cêntimos por dia. «Isto não pode ser», protesta a federação, reafirmando o apelo à participação na greve geral.

Auto Sueco recusa
Os trabalhadores da Auto Sueco Coimbra decidiram realizar ontem uma acção de protesto, contestando a intenção da administração de congelar os salários este ano, como já fez no ano passado. Em plenário, na segunda-feira, foi decidido fazer greve no dia 10, das 9 às 13 horas, com concentração à porta da empresa - revelou o SITE Centro-Norte (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente, da Fiequimetal/CGTP-IN). Foi igualmente aprovada uma moção de apoio à greve geral.
O caderno reivindicativo dos trabalhadores foi entregue em Agosto, propondo 60 euros de aumento salarial, salientando o sindicato que negar a actualização dos salários, como a empresa pretende, representaria uma redução violenta dos rendimentos dos trabalhadores, por força do aumento da carga fiscal, cortes nas áreas sociais e outras penalizações impostas pelo Governo.

Plenários na Mabor
Realizar plenários de trabalhadores na Mabor, em Famalicão, amanhã e sábado, com participação de dirigentes da CGTP-IN, foi uma das decisões das organizações representativas dos trabalhadores da fábrica de pneus, que decidiram no dia 2 dedicar todos os esforços à mobilização para a greve geral - revelou o SITE Norte. Comissão de Trabalhadores, Comissão Sindical e representantes dos trabalhadores na Segurança e Saúde no Trabalho apoiaram a greve geral e seus conteúdos, «comprometendo-se a envidar todos os esforços na mobilização dos trabalhadores da Mabor para a greve geral, com o objectivo de que venha a ter um enorme êxito», refere uma nota do sindicato.

Razões dos jornalistas
Para «exigir um Orçamento do Estado que promova o investimento e o emprego em todos os sectores e a defesa das condições de trabalho e de vida dos portugueses», a assembleia-geral do Sindicato dos Jornalistas decidiu, no dia 4, exortar todos os profissionais a participarem na greve geral. Na resolução aprovada em Lisboa, no Porto, no Funchal e em Ponta Delgada, afirma-se ainda que «os jornalistas, como os restantes trabalhadores, vêem reduzidos os seus rendimentos, são alvo de discriminação salarial, atingidos pela precariedade, vítimas de despedimentos e tratados como peças descartáveis em operações de substituição de efectivos, e muitos não voltam a ter emprego». Apelando à rejeição deste modelo económico e social, «que não aposta na valorização dos recursos – materiais e imateriais –, não promove a modernização e desenvolvimento de actividades produtivas e não põe a economia ao serviço do bem-estar das pessoas, da elevação da educação e da cultura», defende-se também a necessidade de «lutar pela actualização do salário mínimo para os 500 euros mensais em Janeiro de 2011, pelo aumento das prestações sociais, pela garantia do abono de família a todos os trabalhadores e pela manutenção da Caixa dos Jornalistas».
O sindicato denunciou segunda-feira a ameaça de despedimento de 15 a 20 jornalistas e outros trabalhadores do Expresso, disfarçada de rescisões «por mútuo acordo». O SJ «não aceita que os trabalhadores sejam sacrificados em operações de emagrecimento de quadros para crescimento de lucros».

Bolseiros-trabalhadores
« Face à continuação da condição de precariedade dos bolseiros de investigação científica, à falta de perspectivas de alteração do seu Estatuto e de melhoria das perspectivas de oferta de emprego científico necessário ao País», a direcção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica emitiu uma nota a declarar que «apoia e subscreve os princípios que estão na base da convocação da greve geral». Para a ABIC, «os bolseiros devem ser considerados trabalhadores e ter acesso aos direitos dos demais trabalhadores, incluindo o direito à greve», o que é negado pelo Governo, que recusa admitir que muitos bolseiros preenchem postos de trabalho. Nestas condições, os bolseiros deverão exprimir apoio e solidariedade aos trabalhadores em luta e participar na greve geral «consoante as suas possibilidades e recorrendo à sua criatividade».

Utentes activos
Além de manifestar apoio à greve geral, o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos apelou à população para participar na luta, não fazendo compras ou não mandando os filhos para a escola. A decisão foi tomada dia 30 de Outubro, em reunião de comissões de utentes.

http://www.avante.pt/pt/1928/trabalhadores/111295/

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