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09/11/2010

Malparado no consumo a crescer

Famílias continuam a endividar-se apesar das dificuldades Crédito. Valor de cobrança duvidosa nas empresas caiu quase cem milhões de euros, indica o Banco de Portugal
O malparado no crédito ao consumo continua a crescer. Em Setembro, os créditos de cobrança duvidosa a particulares agravaram-se em quatro milhões de euros, mas no que ao crédito ao consumo diz respeito, o malparado cresceu 26 milhões de euros. Os dados são do Banco de Portugal e indicam que, desde o início do ano, o agravamento vai já em 194 milhões, contra os 42 milhões no que respeita ao crédito à habitação. A explicação reside, segundo a Deco, no facto de as famílias em dificuldade começarem por deixar de pagar, precisamente, os pequenos créditos pessoais, como o cartão de crédito, e só no limite das suas forças, e esgotadas todas as alternativas, é que deixam de pagar a casa.
"A nossa experiência com famílias em situação de sobreendividamento mostra-nos que, quando as dificuldades surgem, são os créditos pessoais que deixam de ser pagos. Depois, o crédito automóvel e, só em última instância e depois de esgotadas todas as poupanças e ajudas de familiares, é que o crédito à habitação deixa de ser pago", explica Natália Nunes, coordenadora do gabinete de apoio ao sobreendividado.
São já mais de dez mil as famílias que pediram ajuda à Deco. No entanto, os processos abertos não ultrapassam 2400, porque grande parte dos pedidos chega já demasiado tarde. "Muitos chegam-nos quando as situações já estão em processo litigioso, quando nós só podemos actuar extrajudicialmente, ou quando os montantes de créditos já são de tal forma elevados que a reestruturação do orçamento familiar já não é possível", frisa Natália Nunes.
Curiosamente, os empréstimos a particulares continuam a crescer, e o crédito ao consumo aumentou quase 30 milhões de euros só em Setembro. Para a Deco, a explicação reside no facto de a banca se mostrar substancialmente mais restritiva na concessão de crédito à habitação, o que não se aplica no consumo. Isto quando a "experiência mostra que as famílias em dificuldades, nomeadamente quando se confrontam com diminuição de rendimentos, em vez de adequarem o seu orçamento familiar ao novo rendimento, tentam manter os níveis de consumo contratando mais crédito ou gastando os plafonds do cartão de crédito".
As medidas de austeridade, a elevada taxa de desemprego e a perspectiva de aumento das taxas Euribor levam a Deco a admitir um agravamento substancial da situação de muitas famílias em 2011.
Curiosamente, os dados do Banco de Portugal mostram uma quebra, de quase cem milhões de euros, no malparado às empresas. É a terceira vez em 2010 que os montantes de cobrança duvidosa a empresas caem. O primeiro foi em Março e o segundo em Junho. Em contrapartida, o crédito a empresas cresceu 0,44% em Setembro, contra os 0,2% do crédito a particulares.

http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1706112

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