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25/09/2010

"É triste ser preciso isto para conseguirmos os nossos direitos"

"A minha mulher sabe que estou aqui para o bem dos dois, mas está sempre a ligar preocupada. Deixa--me triste ser preciso isto para conseguirmos os nossos direitos" disse Mário Duarte, chefe em Lisboa.
Durante o dia, a concentração à porta do Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa, não atraiu muitos agentes. Mas nada fazia prever uma noite tão deserta. Só ficaram lá quatro agentes - os elementos necessários para guardar a tenda montada.
Algumas horas antes de as negociações terem chegado a bom porto - ainda de madrugada -, os agentes criticavam de forma severa a postura do Governo para com a PSP e mostravam-se muitos cépticos quanto a cedências do Estado português. "Temos escalas feitas até terça-feira, mas tenho a certeza de que isto nem daqui a dois anos estará resolvido" afirmou João Santos, chefe do corpo de intervenção. O homem - que abandonou a vigília às 03.00 para entrar ao serviço - sublinhou ainda que, se não fosse o Euro 2004, o corpo de intervenção da PSP ainda não tinha carrinhas para a intervenção em cenários mais complicados. "Às vezes digo, ironicamente, que precisávamos de um Euro 2004 de dois em dois anos" acrescentou.
Nem todos os agentes que guardaram a tenda durante a noite trabalham em Lisboa.
"Eu vim de Braga, vim de um comando mais pequeno mas com dificuldades iguais às dos meus colegas de Lisboa" disse ao DN Domingos Araújo, agente principal da PSP.
Apesar de o ambiente ter sido sempre sereno, houve gargalhadas. Principalmente quando o assunto era o pavimento da Praça do Comércio, feito por altura da visita do Papa a Portugal. "Ter medo de que nós o danificássemos é dizer que nós somos uns cavalos", disse o homem do Norte do País, justificando: "Depois de ter visto este chão, só posso admitir que eles pensavam que vínhamos para aqui com tractores e lagartas."
Na importante praça lisboeta, poucos foram os que passaram durante a madrugada. Mas, quando isso acontecia, os olhares eram obrigatórios. "Aquilo que nós queremos é mostrar que estamos aqui, de forma branda e civilizada", salientou José Mendes.
A greve foi outro dos temas discutidos pelos quatro homens que - sem nada para se entreter - passaram a noite a enumerar as injustiças na PSP. "Não percebo porque é que uma greve na polícia é vista como uma situação tão dramática. Se os serviços mínimos forem cumpridos, haverá mais agentes do que existem, actualmente, num dia normal," contou Mário Duarte, sustentando que "o Governo pôs as esquadras a funcionar abaixo dos serviços mínimos".

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1670905

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