O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, considerou preocupante que o primeiro-ministro e outros governantes assumam uma atitude provocatória face aos protestos dos trabalhadores e garantiu que a Intersindical é e será sempre o seu espaço de expressão.
"É preocupante que o primeiro-ministro e outros membros do Governo se sintam incomodados com as manifestações e assumam uma atitude provocatória, dizendo que tanto faz que os manifestantes sejam mil ou um milhão, pois isso não irá alterar nada", disse Carvalho da Silva à agência Lusa.
O sindicalista assegurou que a CGTP nunca se deixará instrumentalizar por ninguém e que "será sempre um espaço de organização e expressão da indignação dos trabalhadores".
O primeiro-ministro, José Sócrates, acusou sábado os sindicatos afectos à CGTP-IN de se deixarem instrumentalizar pelos interesses eleitorais do PCP e do Bloco de Esquerda e queixou-se de as manifestações se limitarem ao insulto pessoal.
José Sócrates, em resposta aos jornalistas, no final de uma visita oficial a Cabo Verde, após ter sido confrontado com a elevada participação na manifestação da CGTP-IN, na véspera, em Lisboa, acusou os sindicatos de não terem contraposto argumentos positivos e alternativos aos do Governo.
O secretário-geral da CGTP considerou que o Governo socialista gostaria que a Intersindical fosse um instrumento das suas políticas mas assegurou que isso nunca acontecerá.
"A CGTP é e será sempre um espaço de afirmação dos protestos dos trabalhadores por melhores salários e melhores condições de vida, nunca seremos um instrumento do Governo", afirmou.
O sindicalista acusou o primeiro-ministro de estar a assumir uma atitude de vítima e ver insultos onde não os há.
"Se o primeiro-ministro considerar que a denúncia do aumento do empobrecimento, a denúncia do aumento da precariedade, a denúncia dos compadrios na sociedade portuguesa, a denúncia da quebra dos salários reais e do emprego não é falar dos problemas do país mas sim um insulto, então está errado", disse Carvalho da Silva.
O líder da Inter salientou que a manifestação de sexta-feira decorreu de forma "ordeira e sem desacatos", "ao contrário do que se vê noutros países", e deixou "propostas claras ao Governo".
"Mas o que parece é que o Governo gostaria que estas manifestações devidamente organizadas fossem substituídas por protestos desordeiros que fossem refreados pela polícia", acrescentou.
J.N. - 15.03.09
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