Em 2008 remuneração média base dos trabalhadores do sector privado português era de 843 Euros[1]. No entanto, este valor médio varia consoante diferentes factores, reflectindo-se em acentuadas desigualdades de remuneração.
O Quadro 1 permite observar a importância das características sociográficas dos trabalhadores na explicação das desigualdades de remuneração. Se se considerar o sexo do trabalhador, em média as mulheres auferem 82% da remuneração dos homens (748 Euros contra 917 Euros). Em termos etários, os trabalhadores com remunerações médias mais elevadas são os que têm 55 e mais anos (975 Euros), sendo que a remuneração média dos que têm entre 15 e 24 anos corresponde a 56% desse valor (550 Euros).
O nível de escolaridade é também uma variável importante para explicar as desigualdades de remuneração: quanto mais elevado, maior é a remuneração média auferida. Assim, os trabalhadores com doutoramento têm uma remuneração média de 2.029 Euros, enquanto os que têm licenciatura auferem 1.671 Euros (ou seja, 82% do valor dos trabalhadores com doutoramento), os que têm o ensino secundário 883 Euros (44%) e que têm um nível de habilitações inferior ao 1º ciclo do ensino básico 542 Euros (27%).
O Quadro 2 dá conta das desigualdades de remuneração entre os trabalhadores de acordo com o indicador socioprofissional individual de classe e o tipo de contrato. Tendo em conta o indicador socioprofissional individual de classe, a categoria com a remuneração média mais elevada é a dos Empresários, Dirigentes e Profissionais Liberais (2.034 Euros), enquanto a dos Assalariados Agrícolas é a que apresenta a remuneração mais reduzida (546 Euros, o que corresponde a 27% do valor médio auferido pelos primeiros).
Em termos de tipo de contrato, são os contratados sem termo que auferem as remunerações médias mais elevadas: 911 Euros. As remunerações médias mais baixas correspondem às dos trabalhadores com contrato de trabalho a termo para cedência temporária: 565 Euros, ou seja, 62% do valor médio dos contratados a termo.
No Quadro 3 pode-se observar a importância do distrito onde o trabalhador exerce a sua actividade na explicação das desigualdades de remuneração. Lisboa é o distrito onde as remunerações médias são mais elevadas (1.094 Euros), sendo essa diferença bastante considerável. Os trabalhadores do distrito que se segue, Setúbal, auferem uma remuneração correspondente a 76% (834 Euros) da média dos trabalhadores da capital. A Região Autónoma da Madeira e o Porto são os distritos que surgem logo depois, com remunerações médias correspondentes a 74% e 73% da média de Lisboa.
Nos últimos lugares estão a Guarda e Bragança, com remunerações médias de 640 Euros e 648 Euros, valores que rondam os 59% da média da categoria de referência (Lisboa).
[1] Neste texto são considerados os trabalhadores a tempo completo e que auferiram a remuneração base completa (n= 2.278.538).
http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&lang=pt&id=201
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