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21/11/2010

Fome em Portugal - Banco Alimentar ajuda mais de 200 mil pessoas

Mais de um quinto das pessoas que procuram ajuda nas instituições de solidariedade fica sem comer pelo menos uma vez por semana, segundo um dos resultados apurados num inquérito realizado pela Universidade Católica em parceria com o Banco Alimentar e a Associação Entreajuda.

Dos 4691 utentes de meio milhar de instituições que responderam ao questionário, 27 por cento mencionaram estar um dia inteiro sem comer uma ou várias vezes por semana.

"Vinte por cento diz não ter comida até ao final do mês, 32 por cento diz que tal acontece às vezes e 49 por cento diz ter sempre comida até ao fim do mês", aponta o estudo hoje divulgado.

Numa análise aos gastos dos utentes das instituições de solidariedade social, as despesas com alimentação e casa são as que mais pesam na fatia da verba mensal disponível, seguidos dos gastos com médicos e medicamentos. As despesas com vestuário e calçado ou outros empréstimos representam valores abaixo dos 10 por cento do total.

Cerca de um terço dos inquiridos contraíram empréstimos, a esmagadora maioria para a compra de casa, mas só menos de metade dizem pagar sempre as mensalidades.

Além da compra de casa (53%), o carro (19%) e os electrodomésticos (16%) são os bens que mais frequentemente são comprados a crédito. Apenas seis por cento diz ter recorrido a crédito para adquirir um televisor, verificando-se a mesma percentagem para consolas de jogos.

Dinheiro falta para medicamentos
De acordo com o estudo hoje divulgado, quatro em cada dez pessoas só compram os medicamentos quando têm dinheiro ou optam pelos mais baratos. No entanto, nem sempre conseguem adquirir os remédios que são receitados pelo médico.

Numa auto-avaliação à sua situação económica, 72 por cento dos inquiridos sentem-se pobres, com uma larga maioria a atribuir a culpa da sua situação à própria sociedade (situações de desemprego ou rendimentos baixos).

Apenas 14 por cento dos utentes que se consideram pobres se culpabilizam pela sua situação desfavorecida.

Menos de 250 euros para viver
Cerca de metade daqueles que recorrem a instituições de solidariedade social têm menos de 250 euros por mês para viver e uns 90 por cento têm rendimentos líquidos abaixo ou a rondar o ordenado mínimo.

Apenas 17 por cento dos inquiridos referiram trabalhar e destes só 60 por cento o faz a tempo inteiro. Metade das pessoas diz que o seu rendimento mensal provém também de subsídios sociais e em menos de um quinto o rendimento auferido é resultado do trabalho.

Banco Alimentar ajuda mais de 239 mil pessoas
A rede do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) dá apoio alimentar a mais de 66 mil famílias, o que corresponde a mais de 200 mil pessoas. Nos últimos três anos, mais de 70 por cento das instituições de solidariedade social registaram mais pedidos de apoio para alimentação, situação atribuída sobretudo pelo aumento do desemprego.

O inquérito do Centro de Estudos e Sondagens da Católica foi respondido por 1500 organizações de solidariedade que integram a rede do Banco Alimentar, num universo de mais de 3200 instituições. Com base nas respostas, a análise estima que as instituições prestem apoio alimentar a 66 500 famílias, a que correspondem 239 470 pessoas.

De acordo com este estudo, "é a vulnerabilidade económica decorrente quer do aumento do desemprego, quer das baixas reformas, que, a par de rupturas familiares, estão na base do aumento da procura alimentar".

No que respeita ao apoio em medicamentos, pode concluir-se que são 6600 as famílias ajudadas, num total de quase 16 mil pessoas. Estima-se que as instituições da rede do BACF dão apoio monetário a 5700 famílias e 11 968 pessoas.

São pelo menos 74 mil as crianças que recebem apoio alimentar da rede.

http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Banco-Alimentar-ajuda-mais-de-200-mil-pessoas.rtp&article=393560&visual=3&layout=10&tm=8

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