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27/11/2010

Irlandeses manifestam-se contra plano de cortes orçamentais

Irlandeses manifestam-se contra plano de cortes orçamentais
"A Irlanda não está à venda, não ao FMI" foi um dos gritos de ordem entoados pelos manifestantes
 
Cerca de 50 mil irlandeses manifestaram-se hoje, sábado, em Dublin, contra o plano de cortes orçamentais apresentado pelo Governo como condição essencial para obter a ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. 

O cortejo de 50 mil pessoas, segundo uma estimativa da polícia feita cerca das 13 horas, partiu do cais do rio Liffey para o General Post Office, local simbólico do centro da capital irlandesa, onde em 1916 foi lida a declaração de independência.
"Os cortes orçamentais não são necessários. Salvamos os bancos, não salvamos a Irlanda. Os bancos é que deviam sofrer, devíamos deixá-los cair", considerou Marian Hamilton, uma irlandesa de 57 anos, que receia ver reduzido o seu subsídio por deficiência.
Marian levou para a manifestação o neto de sete anos, que disse estar à sua guarda desde que o seu filho emigrou para a Austrália à procura de trabalho.
Mark Finley, funcionário da câmara municipal de Dublin de 28 anos, defendeu que "é preciso mudar de governo", enviar "uma mensagem clara" ao primeiro-ministro Brian Cowen. "Os meus rendimentos baixaram vários milhares de euros em dois anos, já não me chegam para viver", disse.
Os manifestantes desfilaram entoando as palavras de ordem "Nós somos o povo, nós temos os votos" e brandindo cartazes onde se lia "Há um caminho mais justo" ou "A Irlanda não está à venda, não ao FMI".
O plano de cortes é, para Jack O'Connor, presidente do principal sindicato irlandês, o Siptu, "uma declaração de guerra contra os trabalhadores menos bem pagos".
As medidas de austeridade anunciadas quarta-feira preveem uma redução orçamental de 15 mil milhões de euros até 2014. Os impostos vão subir, o subsídio de desemprego e o abono de família vão ser reduzidos, assim como as pensões e o salário mínimo, e mais de 25 mil funcionários públicos serão despedidos.
O plano visa reduzir o défice irlandês, actualmente de 32 por cento do PIB, para três por cento.
A imprensa irlandesa de hoje noticia que o empréstimo EU-FMI à Irlanda -- que deverá atingir os 85 mil milhões de euros -- deverá ter uma taxa de juro de 6,7 por cento, mais alta que os 5,2 por cento da taxa cobrada pelo empréstimo de 100 mil milhões feito à Grécia em Maio. 

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1721944

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