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26/11/2010

Na Greve Geral e na luta que continua: Passos firmes de quem trabalha

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Passava das dez da noite quando os grupos constituídos para acompanhar os trabalhadores em luta rumaram à Cel Cat, em Morelena, Sintra. Já à porta da empresa de cabos eléctricos, veio à tona o balanço da Greve Geral. Nas primeiras horas do dia 24 naquela empresa, o saldo era extremamente positivo. Quase 60 por cento de paralisação no 1.º turno, falhando quase só a adesão dos precários, o que confirma esta relação laboral como uma poderosa forma de coação sobre os trabalhadores. Não obstante, um dos operários foi demovido de ir trabalhar pelos membros do piquete. «Já tinha pensado fazer greve e agora vocês estão a convencer-me», disse, pouco antes de tomar a decisão que se impunha: «Hoje não trabalho!», assumiu.
Antes de rumar a outro local de trabalho, os piquetes ainda garantiram que os operários que largavam à meia-noite para voltarem a pegar às 15h30 iriam aderir à greve, assegurando, igualmente, que cerca de dez trabalhadores ali estariam para contactar os camaradas mais relutantes.
Mais tarde, às 07h45, trabalhadores da Cel Cat e membros dos piquetes relataram-nos que também neste horário intermédio a adesão superou os 80%.

Atropelo à lei

Da Cel Cat, seguimos para a Scotturb, empresa de transportes urbanos que serve os concelhos de Cascais, Sintra e Oeiras. Mais de meia centena de pessoas integravam os piquetes. À medida que se foi aproximando a hora de entrada, um forte dispositivo da GNR foi chamado para impedir a conversa com os motoristas, chegando mesmo a barrar a entrada na empresa aos delegados sindicais. «No momento em que o País está a parar, esta é uma ilegalidade que o grupo parlamentar do PCP vai denunciar na Assembleia da República. A GNR, que jurou defender a República, está, na prática, a violar as suas leis colocando-se ao lado do patronato», sintetizou Miguel Tiago, deputado do Partido, numa breve intervenção. Aos trabalhadores em greve, Miguel Tiago lembrou ainda que «depois desta greve, há que confrontar os que não aderiram com o facto de virem a beneficiar da luta dos que paralisaram, o que obriga a redobrada persuasão e esforço, determinação e ânimo».
Ainda assim, a acção dos sindicalistas do Strup e a solidariedade demonstrada pelos piquetes motivou mais de 35 trabalhadores (5 dos quais demovidos de trabalhar naquele momento) a fazerem greve, número muito superior ao registado na última acção deste género.
Da Scotturb seguimos para a estação da CP de Sintra, onde apenas os serviços mínimos impostos foram cumpridos. O demais eram composições paradas e revolta com tal exigência.
Revolta e forte participação na jornada, também, na Tabaqueira, onde ao primeiro turno a adesão foi de 67 por cento, número superado na Kraft, revelou-nos o dirigente sindical do sector, onde a adesão aos dois primeiros turnos foi de 99 e 81 por cento, respectivamente.
Munidos desta informação e de outras que davam conta do encerramento de 70 por cento das escolas de Sintra, e de adesões superiores na Administração Central e Local do concelho, concluímos que importantes passos foram dados pelos trabalhadores para, na luta que prossegue, continuar a responder com firmeza à exploração crescente.

http://www.avante.pt/pt/1930/emfoco/111490/

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