Foi de uma grandeza extraordinária a adesão à greve geral no sector de transportes e comunicações.
O dirigente sindical Amável Alves, da Comissão Executiva da CGTP-IN, face aos dados de que dispunha às primeiras horas de quarta-feira, não escondia em declarações ao Avante! a sua confiança quanto à mobilização dos trabalhadores, acreditando que esta viria a ser uma «grande greve geral». Os factos ulteriores vieram confirmar as melhores expectativas.
Segundo um balanço da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), no sector rodoviário e urbano os níveis de adesão registados foram os seguintes: Metropolitano de Lisboa (100%), Carris (80%), Transportes Sul Tejo (80%), Rodoviária de Lisboa (65%), Rodoviária do Alentejo (70), Trevo (85%), STCP – Porto (90%), Rodoviária da Beira Litoral, ETAC, João Dias Neves, Grupo Transdev/Joalto (85%), Moisés Correia de Oliveira (70%), Rodoviária de Entre Douro e Minho (95%), Arriva (93%), Charline Transportes – Viseu (98%), Empresa Marques (40%), Rodoviária do Tejo – Santarém (75%), Eva Transportes – Faro (70%).
No sector fluvial, paralisaram por completo a Transtejo e a Soflusa, enquanto que no sector ferroviário o nível de adesão atingiu os 90 por cento, não se tendo efectuado todos os comboios que constavam dos serviços mínimos.
No sector marítimo e portuário, todos os portos nacionais estiveram parados, com centenas de navios a aguardar a entrada ou a desviarem a sua rota para portos estrangeiros.
No sector aéreo e aeroportos, todos os voos foram cancelados, à excepção dos serviços mínimos (apenas as ligações às regiões autónomas).
A maior nos Correios
Com uma adesão global de 80 por cento, às 12 horas, abarcando cerca de sete mil trabalhadores, o SNTCT/CGTP-IN classificou a luta de 24 de Novembro como «a maior greve geral de sempre nos CTT». «Em todo o País, nas estações de correios, nos serviços de apoio, nos centros de distribuição, nos centros de tratamento e nos transportes postais», tomou assim corpo «uma enorme manifestação da força e da firmeza» de quem trabalha e luta para defender a empresa e exigir um país melhor, mais justo e mais solidário» - referia um «fax» (informação rápida para dirigentes e delegados) do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações.
O resultado vale ainda mais por se sobrepor às manobras da administração e chefias que procuravam suster o protesto. Na véspera da greve, o sindicato denunciou que mandaram ler, em vários locais de trabalho, um documento do Grupo Parlamentar do PS, com promessas vãs acerca dos cortes no subsídio de refeição. E houve até uma «circular» do director de pessoal, prometendo pagar o dia e justificar a falta a quem alegasse que não tinha trabalhado dia 24 por falta de transporte. O pior caso ocorreu no Centro de Distribuição de Cabo Ruivo, em Lisboa, às primeiras horas da paralisação: a Polícia carregou, usando até gás pimenta, para romper o piquete e deixar passar camiões de empresas privadas, em substituição de trabalhadores em greve.
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