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27/11/2010

Banco Alimentar: Bater recorde para matar a fome a quase 300 mil

Hoje e amanhã 30 mil voluntários vão estar a recolher os alimentos que fazem mais falta nos armazéns das instituições.
O objectivo é bater o recorde da recolha do ano passado: mais de 2498 toneladas de alimentos para pôr na mesa de quem precisa. E olhando para o aumento dos que precisam da ajuda dos bancos alimentares para não passar fome - quase 300 mil famílias, mais 40 mil do que no início do ano - percebe-se a importância desta campanha, diz a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet.
Afinal, há quase 610 mil desempregados, o valor mais alto desde que há registo - mais de um terço já não tem acesso ao subsídio. E as novas regras de acesso às prestações sociais deixaram mais de cinco mil famílias sem o rendimento social de inserção nos últimos meses. Por isso, um número também recorde 30 mil voluntários - mais dois mil do que na última recolha - vai hoje e amanhã ocupar as entradas de supermercados para recolher os alimentos que fazem mais falta nos armazéns do Banco Alimentar. A campanha de recolha nos supermercados representa apenas 20% de todos os produtos doados à instituição - ou seja 20% de 23 mil toneladas - , já que a maior parte vem directamente das empresas, que doam os excedentes de produção.
"Mas estes alimentos são muito importantes porque pedimos aqueles produtos em que não há excedentes de produção e que não nos chegam de outra maneira - azeite, óleo, salsichas e atum, cereais de pequeno almoço, por exemplo", explica Isabel Jonet. Ou seja, são as campanhas nos supermercados em Maio e Novembro que permitem ao Banco dar, através das 1800 instituições de Solidariedade Social com que trabalha, dar cabazes minimamente equilibrados. Afinal, não podem fazer o que não têm, lembra a responsável.
São também estas campanhas, salienta, que põem o País a falar de um problema que por ignorância ou vergonha acaba escondido: a fome. "É inadmissível que ainda haja famílias que não têm o que comer".
É preciso falar disso", diz. Um estudo recente feito pela Universidade Católica em parceria com os Bancos Alimentares e a Entrajuda, com 15 mil inquiridos, revela que um em cada quatro pobres não come pelo menos um dia por semana. A maioria são reformados e vivem com menos de 250 euros por mês.
"Tem sido sempre possível recolher mais por várias razões e uma delas é porque temos aumentado os pontos de recolha. Mas tenho uma expectativa boa para este fim-de-semana porque os portugueses são muito solidários e quando são interpelados respondem", diz Isabel Jonet.
Para quem tem medo que os alimentos não vão parar à mesa de quem precisa Isabel Jonet faz um convite. "Venham até ao Banco Alimentar e se quiserem podem seguir aquele produto que doaram, desde o momento em que dão, até ao destino final".
Os alimentos doados são transportados pelos voluntários e distribuídos pelas instituições. Algumas usam o que recebem para fornecer cabazes, outras refeições confeccionadas. Uma coisa é certa, os pedidos de ajuda têm aumentado. As zonas do País com maior número de pessoas apoiadas são o Porto (com 73 137 a receber apoio alimentar), Lisboa, (72 155) e Setúbal (33 600).
Se não puder ir às compras este fim-de-semana, ou se não encontrar uma equipa do Banco Alimentar, pode contribuir comprando vales que representam alguns produtos básicos até dia 5 de Dezembro. "Não é preciso darem muito, é preciso darem muitos", apela Isabel Jonet. 

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1721656

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