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22/10/2009

Estudo da Cruz Vermelha na Europa: Fome nos países ricos

A fome é uma das consequências da crise económica que ressurgiu recentemente em vários países europeus, afirma a Cruz Vermelha Internacional num estudo divulgado na segunda-feira, 19.

O estudo, promovido pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, incidiu sobre mais de 40 países europeus, onde foram detectados «problemas generalizados» tais como a carência de alimentos.
Mas mesmo a Islândia, até há pouco um dos países europeus com um nível de vida mais elevado, surgem agora graves problemas sociais. Aqui, afirma o relatório, «todas as famílias foram de alguma forma afectadas» pela crise e «muitas pessoas que nunca haviam recorrido à nossa sociedade estão agora a pedir ajuda». A organização está a distribuir roupas e alimentos na ilha.
O endividamento e o desemprego afectam uma grande parte dos jovens, incluindo em países ricos como a Suécia, onde a taxa de desemprego juvenil ultrapassa os 27 por cento.
O relatório assinala com surpresa que mais de dois terços das sociedades nacionais da cruz vermelha na UE referem a necessidade ajuda alimentar. A Espanha e a Itália são dois dos países referidos, estando já em curso no primeiro uma iniciativa patrocinada pela UE destinada a prover alimentos a 500 mil pessoas.
Em vários países, a organização regista um aumento do número de pedidos de ajuda monetária «para pagar dívidas de electricidade e outras facturas».
Aumentam igualmente os problemas sociais como o alcoolismo, o isolamento social ou o stress em amplos extractos populacionais. Há ainda sinais de incremento de doenças mentais.
«Se nada for feito», frisa o estudo, «a coesão social em toda a região pode ser ameaçada por tensões crescentes decorrentes de uma vulnerabilidade acrescida e de uma concorrência por empregos entre as camadas mais desfavorecidas».
Georg Habsburg, presidente da Cruz Vermelha na Hungria, citado pela agência AP, salienta que a maioria dos governos europeus subestima estes problemas. «Vamos ter graves problemas», sublinhou, «a Cruz Vermelha pode senti-lo antes de as estatísticas o mostrarem».
Avante - 22.10.09

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