João Paulo Guerra
Mais uma Guerra do Solnado neste país de opereta. O folhetim dos submarinos já fez a República, o Estado, os governos meterem água suficiente para afogar a credibilidade e a própria sanidade mental do país.
Águas turvas, aliás, de um negócio que começou na segunda metade dos anos 90 com a decisão de comprar três submarinos novos para a Armada, que afinal passaram a dois mudando o concurso, e o concorrente com a melhor oferta, de um consórcio francês para um alemão.
Entretanto, o Ministério Público de Munique terá identificado "mais de uma dúzia de contratos suspeitos" para influenciar a decisão final através de subornos. Der Spiegel, escreveu então que um cônsul honorário de Portugal terá recebido um suborno de milhões para ajudar a concretizar a compra de dois submarinos pelo Estado português no valor de 880 milhões de euros. Mais tarde, o Ministério Público acusou dez gestores (três alemães e sete portugueses) de burla qualificada e falsificação de documentos no âmbito do contrato de contrapartidas dos submarinos. Entretanto, entrou no enredo uma suspeita de luvas. E por fim foram chegando os submarinos, baptizados por Portugal, embora em estaleiros alemães, de Tridente e Arpão.
Mas faltava a todo este entrecho um toque genuinamente português, aquela marca que caracteriza um país com a marca indelével, o cunho que o caracteriza e distingue do comum dos países. Ela aí está: "O submarino Tridente, que custou a Portugal 500 milhões de euros e chegou há quatro meses, está em terra na Base Naval do Alfeite para reparação do revestimento, que se mostrou demasiado frágil perante as águas do Atlântico". Ou, como dizia o saudoso, sempre presente e actual Raul Solnado: "Bem, o submarino, a cor não é feia. Mas não flutua..."
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