Rui Pedro Soares, ex-administrador executivo da PT acusado de crime de corrupção passiva no chamado «caso Taguspark», solicitou agora ao TIC que requeira à PT uma cópia do contrato publicitário celebrado entre esta empresa e os Gato Fedorento para 2009 e 2010. Razão do pedido: a defesa de Rui Pedro Soares pretende «demonstrar» que o valor do contrato firmado com Luís Figo para a campanha de promoção internacional do Taguspark «está muito abaixo de outros contratos publicitários», nomeadamente o dos Gato Fedorento com a PT. Argumenta-se ainda que Luís Figo terá recebido uns «modestos» 350 mil euros quando comparados com os 560 mil euros arrecadados por cada um dos quatro «Gatos».
Subsiste aqui um problema: a acusação a Rui Pedro Soares por corrupção no «caso Taguspark» não tem nada a ver com os quantitativos envolvidos, não interessando nada quem recebeu o quê.
O que está em causa, no contrato de Figo com a Taguspark, é a suspeita de este ter sido uma «contrapartida» pelo apoio do ex-jogador à campanha do PS para as legislativas de 2009.
Quanto aos Gato Fedorento, nada interessa ao caso: o que ganharam foi absolutamente legítimo e em função de um trabalho específico, a «campanha Meo» de televisão.
Contratos II
A questão central do «processo Taguspark» continua a ser o famoso pequeno-almoço de José Sócrates com Luís Figo no último dia da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2009, que o PS venceu com maioria relativa.
Para o Ministério Público, esses evento confirma as palavras de Rui Pedro Soares, captadas numa escuta a Paulo Penedos, em que afirma que conseguira obter «o apoio de Figo para as legislativas».
Entretanto, Luís Figo, nas declarações que prestou ao DIAP, deixou claro que «a sugestão de tomar o pequeno-almoço com o primeiro-ministro no último dia da campanha eleitoral partiu do gabinete deste e que o evento foi organizado pelo gabinete do primeiro-ministro e por Miguel Macedo», como recorda o Correio da Manhã.
Portanto, o que Rui Pedro Soares tem de esclarecer em tribunal é como é que conseguiu «o apoio de Figo para as legislativas» e deixar os Gato Fedorento em paz...
Clínicas
O escândalo rebentou em Lagos com uma clínica privada de oftalmologia. Para já, há quatro doentes que, tendo sido operadas no mesmo dia, nessa clínica, com máquinas presumivelmente contaminadas, se encontram em risco de cegueira. Na sequência, soube-se que esta clínica está a actuar em Portugal há vários anos sem licença, o mesmo acontecendo a um número indeterminado de outras, igualmente abertas sem licença e, portanto, sem sequer serem vistoriadas pelas autoridades sanitárias. O Estado não sabe quantas são e a Entidade Reguladora desculpa-se com «a complexidade da lei» que rege esta actividade.
O Governo de Sócrates andou a perseguir queijarias e fumeiros tradicionais com a ASAE por causa da «higiene» e, entretanto, deixa à vara larga dezenas – ou centenas, ninguém sabe – de clínicas a receber balúrdios, para infectar seriamente os doentes. Que vergonha é esta?
http://www.avante.pt/pt/1915/argumentos/110017/
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