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19/08/2010

Desemprego aumenta e apoios diminuem: CGTP-IN nega «estagnação»

A situação do mercado de emprego é muito grave e é falsa a tese da estagnação do desemprego, que aumentou em 82 mil pessoas, enquanto o Governo corta nos apoios sociais, realçou a CGTP-IN, reagindo à divulgação dos dados do INE.

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O desemprego é elevado e voltou a aumentar no segundo trimestre de 2010, face ao mesmo período do ano passado, começa por assinalar a central, num comunicado de anteontem à tarde. Reportando-se aos números que o INE divulgara horas antes, a Intersindical regista que 82 mil pessoas perderam o emprego (um aumento de 16,2 por cento, de 507 700 para 589 800 desempregados); a taxa de desemprego oficial de 10,6 por cento representa mais 1,5 pontos percentuais que no trimestre homólogo e «é a taxa de desemprego mais elevada desde que há registos».

Aos desempregados que o INE contabiliza devem juntar-se os que são classificados como «inactivos disponíveis» e o subemprego, o que corresponde a 730 mil pessoas sem trabalho e a uma taxa de desemprego real de 12,9 por cento.

O desemprego de longa duração (mais de 12 meses) aumentou 38,7 por cento desde 2009, abrangendo já 55 por cento dos desempregados (326 mil). «Pelo impacto social profundamente negativo que esta situação provoca, exige-se que o Governo reponha as medidas excepcionais de apoio aos desempregados, nomeadamente o prolongamento do subsídio social de desemprego», defende a CGTP-IN, lembrando que já há cerca de 200 mil desempregados sem qualquer subsídio.

«É falsa» a afirmação do Governo de que as suas políticas permitiram a estagnação do desemprego, protesta a central, notando que «em relação ao trimestre anterior há, de facto, a manutenção da taxa de desemprego, já de si muito elevada, mas tal ficou a dever-se à diminuição da população activa em 19 400 indivíduos».

O emprego «teve uma quebra tanto em termos homólogos (menos 84 600 pessoas), como em termos trimestrais (menos 17 100)». A diminuição do número de trabalhadores assalariados é agravada pelo recuo dos contratos permanentes (menos 51 mil) e pelo aumento dos contratos a prazo (mais 65 100). A precariedade «atinge pelo menos 23 por cento dos trabalhadores» e, além de ser um dos factores do aumento do desemprego, provoca também a redução dos salários, «bem visível no abaixamento do subsídio médio de desemprego, que é neste momento de 524 euros, quando a média de 2009 se situava nos 532 euros».

Para a Inter, «estes dados são tanto mais graves quando estamos num contexto em que o Governo PS/Sócrates diminui a protecção social, por via da alteração do conceito de emprego conveniente e dos critérios de atribuição do subsídio social de desemprego – alterando o conceito de agregado familiar e de capitação dos rendimentos – bem como aumentando o período de garantia para acesso ao subsídio de desemprego, e cortando ainda nos apoios ao emprego, como aconteceu recentemente com a Iniciativa Emprego 2010».

Depois de avisar que «a aplicação das medidas do PEC, defendidas pelo Governo e vivamente apoiadas pelo PSD, podem vir a agravar a situação económica e social do País nos próximos tempos», a central propugna «a inversão da política até agora seguida», de modo a «dar resposta às necessidades e anseios dos trabalhadores e da população em geral», com «medidas urgentes que promovam o crescimento económico, dinamizem e modernizem o tecido produtivo, assegurem mais e melhor emprego e garantam a melhoria dos salários reais, com vista a uma justa distribuição do rendimento».

Emergência

É urgente a adopção de medidas que minimizem o efeito de espiral do desemprego, não há saída sem investimento no tecido produtivo e o Governo deve adoptar um plano de emergência para o Algarve - afirmou o Secretariado da Direcção Regional do PCP. O INE situa na região «a taxa de desemprego mais elevada do País» (12,2 por cento, a par do Norte) e mostra o desemprego a crescer, tanto face ao trimestre homólogo, como ao trimestre precedente.

Confirmam-se assim os alertas e as preocupações do PCP, quanto à degradação da situação social na região, e confirma-se também que os efeitos da sazonalidade já não conseguem travar a subida do desemprego no Verão. Fica ainda claro que «os grupos económicos do turismo intensificaram o grau da exploração, procurando fazer o mesmo com menos trabalhadores», como resulta da «contradição entre os dados divulgados da afluência turística e o aumento do desemprego».

http://www.avante.pt/pt/1916/trabalhadores/110167/

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