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19/08/2010

Estados compraram milhões de vacinas que não foram usadas: OMS admite correcções

Depois de ter sido fortemente criticada pela gestão alarmista da dita «pandemia» gripal A (H1N1), a Organização Mundial da Saúde reconhece a necessidade de rever alguns procedimentos.

Igualmente significativa foi a divulgação, dia 11, da lista de 16 membros do Comité de Urgência, bem como a declaração de interesses feita por seis deles, medida que visou calar os que denunciam a opacidade na OMS e levantam graves suspeitas de favorecimento de interesses das grandes farmacêuticas.

Apesar de a Organização considerar que não há casos de conflito de interesses entre os membros do Comité, alguns dados divulgados confirmam estranhas ligações à indústria.

Por exemplo, a declaração do professor Arnold Monto (da Universidade do Michigan), que já tinha sido acusado em Junho pelo British Medical Journal, indica a prestação de serviços como consultor junto dos laboratórios GSK, Novartis, Roche, Baxter e Sanofi, pelos quais foi remunerado, de cada vez, em montantes até dez mil dólares (7660 euros). A coincidência é que se trata de quatro dos principais fabricantes de vacinas e de dois produtores de antivirais (Roche e GSK).

Sobre a «pandemia» de 2009-2010, que só no dia 10 foi declarada terminada pela OMS, a sua directora-geral, Margaret Chan, apelou aos estados para manter a vigilância, já que o dito «novo vírus» não desapareceu completamente, embora deva adoptar «um comportamento gripal sazonal e circular ainda durante alguns anos».

Recorde-se que a Gripe A revelou-se um dos mais inofensivos surtos gripais de que há memória, com um saldo de 18 500 vítimas mortais em todo o mundo, quando todos os anos são atribuídos à normal gripe sazonal entre 250 mil e 500 mil mortes no planeta.

Sem se referir directamente à campanha histérica que mobilizou inutilmente enormes recursos dos estados, na sequência do alerta máximo lançado pela OMS, Margaret Chan reconheceu a fraca virulência da Gripe A: «A pandemia tinha uma severidade moderada e a maior parte das pessoas afectadas curou-se».

Todavia, negando que a sua organização tenha reagido com excesso, com a ressalva de que «tivemos muita sorte», a senhora Chan admitiu, ainda assim, a necessidade de a OMS e os estados reverem os seus «planos de resposta». «Será necessário talvez ter mais flexibilidade, perante cenários optimistas, intermédios e pessimistas».

E acrescentou que em caso de futura pandemia é preciso ainda «examinar as fases, incluindo a sua severidade». Ora foi precisamente a eliminação do critério quantitativo na definição de pandemia da OMS, em Abril de 2009, que permitiu aos seus dirigentes declarar o alerta máximo dois meses depois, obrigando os governos a aplicar os planos de emergência.

http://www.avante.pt/pt/1916/europa/110112/

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