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20/08/2010

Municípios recusam pagar transporte para dez mil alunos

ME só dá 300 euros por cada aluno deslocado das 701 primárias que vão fechar. Autarcas garantem que acordo era pagar tudo

A Associação Nacional de Municípios (ANMP) avisou ontem que as autarquias "não têm condições" para pagar do próprio bolso os encargos adicionais com o transporte de alunos transferidos das escolas do 1.º ciclo agora fechadas. Em causa estará uma diferença de vários milhões de euros entre o custo real e o que o Governo quer dar.

Questionado pelo DN sobre o custo dos transportes associado ao fecho de escolas, o Ministério da Educação disse que estes são "uma responsabilidade das autarquias", que o Governo comparticipa "com 300 euros por criança/ ano". Para os cofres do Estado, tendo em conta que está prevista a deslocação de 10 mil crianças de 701 escolas a fechar, isto implicará gastos adicionais de três milhões de euros. Mas o próprio ministério não quis avançar uma projecção dos custos reais da operação, remetendo essas contas para os municípios.

O certo é que, segundo defendeu ao DN António José Ganhão, responsável para a Educação da Associação Nacional de Municípios (ANMP), o que estava previsto era o Governo assumir a factura. "Não sei se foram assinados outros protocolos com as diferentes autarquias", admitiu. "Mas o acordo que a ANMP assinou [no final de Junho] previa que o ministério assumia as despesas, nem sequer falando em valores."

A ministra da Educação, Isabel Alçada, reafirmou ontem que "nada foi feito à pressa" na reorganização da rede do 1.º ciclo e que foi "integralmente" cumprido o combinado com os municípios. Mas vários autarcas já se manifestaram contra a solução proposta.

Em Lamego, disse ao DN o autarca Francisco Lopes (PSD), o fecho de 21 escolas "estava decidido há muito, no âmbito das cartas educativas e da construção de dois centros escolares". Mas a autarquia sente-se defraudada. "Estavam previstos 70% de comparticipação comunitária para os centros escolares e o valor foi bem inferior", disse. "Agora, ofereceram 300 euros anuais por aluno, que não aceitámos, porque são cerca de 20% dos 600 mil que contamos gastar com os transportes."

Também Aníbal Ferreira Costa (PS), autarca de Ferreira do Alentejo, classificou, em declarações à Lusa, de "irrisória" a comparticipação para o transporte: "Para nós não dá nem para dois meses."

Já o presidente de Santiago do Cacém, Vítor Proença (CDU), acusou a tutela de deixar os alunos de quatro escolas do concelho "à mercê do acaso", e "sem acautelar" as deslocações, apesar de ter dito que a câmara "assumirá as responsabilidades". Em Arraiolos, Jerónimo Lóios (CDU) avisou que a câmara "não garante" o transporte de alunos da extinta escola de Santana, a "sete ou oito quilómetros" da sede de concelho, até haver pedido "expresso" dos pais.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1644894

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