À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

19/08/2010

«Origem humana»

Há já muitas semanas que a comunicação de massas nos enche os olhos e os ouvidos sobre a «origem humana» dos fogos ateados durante o Verão. Isto aliado, como é de bom tom, às chamadas «alterações climáticas» que, segundo as mesmas fontes, também é de «origem humana». O que sabemos é que, à sombra de tais alterações se fazem chorudos negócios, nomeadamente à conta das quotas de carbono que os países mais atrasados vendem aos mais desenvolvidos para que estes continuem a poluir e aqueles continuem atrasados. A «origem humana», assim, é como se fosse um benefício. Só é pena que as eras glaciares que tantas vezes gelaram o planeta não tivessem por detrás a tal mãozinha e pela frente a mãozona a arrecadar dinheiro à conta do gelo...

Os responsáveis

Portanto temos que a origem dos fogos é humana. Não que seja proveniente de actos dolosos – quer dizer, de actos feitos com intenção malévola. A negligência é apontada como factor principal do desencadeamento de incêndios. Causas imediatas – matas e floresta sem limpeza, queimadas, a inevitável beata atirada pela janela fora numa viagem de carro (como se os carros andassem por cima dos píncaros florestados do País). Testemunhos chegam às televisões com gente a dizer que limpou os seus matos mas que, «ali ao lado», os terrenos não foram limpos e «pertencem ao Estado»...

Vai-se a ver, fazendo contas e chega-se à conclusão que 97 por cento dos fogos são culpa dessa negligência que, lá por não ser dolosa não deixa de ser criminosa. E quem são os responsáveis, isto é, os criminosos? As poucas centenas de incêndios – catastróficos por queimarem muitos milhares de hectares e destruírem casas e outros bens e ser origem de mortes – não dão então para a meia dúzia de incendiários. Mas talvez se possa apontar ao Governo, às dúzias de ministros, secretários e altos funcionários da cor, responsabilidades. Neste caso não dolosas. Não dolosas?

Caminho sinuoso

José Sócrates, o governante «mais incendiário» que Portugal teve nas últimas décadas, cujos governos destruíram direitos sociais, milhares de empregos, arrasando serviços que o Estado deveria prestar às populações – para favorecer as negociatas dos grandes grupos económicos e da banca, não tem escapado às suspeitas de envolvimento numa série de casos do foro da Justiça. Já para não falar daquele curso tirado às três pancadas para obter um diploma que o desse como engenheiro, Sócrates percorre há anos um caminho sinuoso, escapando por artes e manhas a acusações graves de que se defende acusando os acusadores de montarem cabalas contra si. O certo é que ninguém continua a perceber por que raio não teve o primeiro-ministro tempo para responder a perguntas do Ministério Público e por que raio não teve o Ministério Público tempo para concluir os processos a tempo de o ouvir. Agora é mais uma: o já célebre apartamento e a sua compra a favor da mãe do PM já não é um caso, Porque... prescreveu.

http://www.avante.pt/pt/1916/argumentos/110124/

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