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04/06/2010

Polícias reclamam dignidade

Mais de dois mil profissionais de Polícia e seus familiares manifestaram-se, dia 27, em Lisboa, exigindo um estatuto que facilite a normal progressão na carreira. E prometeram continuar a lutar.

Reclamar um estatuto profissional que os dignifique foi o propósito dos profissionais de Polícia que responderam ao apelo da ASPP/PSP e concentraram-se na rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, de onde desfilaram pela Avenida da Liberdade, até à Praça do Comércio, onde aprovaram uma resolução que entregaram no Ministério da Administração Interna.
Na acção, convocada pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia e que contou com a presença solidária do presidente da Associação de Profissionais da Guarda, APG/GNR, José Manageiro, o presidente da ASPP/PSP, Paulo Rodrigues, recordou ao Avante! os pontos que a associação considera essenciais para que os polícias considerem que o seu estatuto profissional os dignifica.
«É preciso criar um estatuto que facilite a normal progressão na carreira dos profissionais, estimulando a sua motivação, de forma que possam melhorar, cada vez mais o seu serviço às comunidades», afirmou.
Para que isso aconteça, a ASPP/PSP considera fundamental «a criação de mais um posto na categoria de agentes, um redimensionamento da categoria de chefes, enquadrando-a tendo em conta o seu conteúdo funcional, e a supressão do posto de sub-comissário, ou encontrar uma forma para que quem esteja nesta categoria, oriundo da carreira-base, possa ter uma progressão mais facilitada, com os mesmos direitos dos que saem do Instituto Superior da PSP».
Com o actual estatuto, os polícias podem ver condicionadas as progressões, em muitos casos durante mais de dez anos, situação que «desmotiva seriamente estes profissionais», salientou.
«Também pretendemos que sejam criados mecanismos, na estrutura hierárquica, que garantam a todos os que pretendam ingressar na PSP uma carreira promissora, que estimule um maior empenho e dedicação, sem o que é impossível melhorar a motivação dos profissionais», explicou Paulo Rodrigues.
Com o actual estatuto, «fazendo melhor ou pior, os polícias estão condicionados a ficarem durante muitos anos como agentes, situação que faz com que muitos acabem por abandonar a profissão».

Gravemente prejudicados

«O Governo tem desvalorizado os problemas, primando por uma política essencialmente economicista», recordou o dirigente da ASPP/PSP, acusando o executivo PS de «tudo fazer para reduzir a despesa». Se não for alterado, o estatuto «prejudica a Polícia, os polícias e vai-se reflectir negativamente no trabalho que temos de desenvolver, quotidianamente, na sociedade». «Os mais prejudicados serão os cidadãos, com menos qualidade nos serviços prestados e com menos polícias, ficando um corpo incapaz de dar as respostas adequadas a todas as situações», explicou Paulo Rodrigues, esperançado em obter uma resposta positiva e com brevidade, por parte do Governo, a estas reivindicações.

A luta continuará

No fim da acção e depois de afirmar que a manifestação «superou as expectativas da ASPP/PSP» e que «só não foi maior devido à mobilização de milhares de agentes para um espectáculo musical» que decorria, naquele dia, em Lisboa, e porque muitos outros não puderam ter dispensa devido à falta de polícias nos quadros e ao excesso de trabalho extraordinário a que essa realidade obriga, Paulo Rodrigues salientou que esta manifestação não foi «o fim, mas o princípio de um processo de luta que continuará enquanto o Governo insistir em recusar negociar».
«Este é um problema cuja gravidade obriga a que a prossigamos», considerou.
Depois de ter feito um forte apelo a todos os polícias para que se mobilizem e participem nas acções, independentemente da estrutura sócio-profissional em que estejam filiados, Paulo Rodrigues revelou que a ASPP/PSP está a agendar encontros nacionais, por categorias.
Um encontro nacional de chefes está marcado para dia 8, em Lisboa, com o propósito de «sensibilizar para os prejuízos decorrentes do actual estatuto para a sociedade e os profissionais, e de decidir que novas acções desenvolver para o contrariar».
Encontros de oficiais e de agentes, com o mesmo objectivo, serão brevemente agendados, ainda este mês.

Injustiças agravadas

Diante do Ministério da Administração Interna os profissionais de Polícia concentraram-se e aprovaram, por unanimidade, uma carta que deixaram no MAI. Nesse documento também reclamam a alteração ao regime de pré-aposentação, a integração dos cônjuges dos profissionais da PSP nos Serviços de Apoio na Doença e a integração de todos os membros desta força de segurança na nova carreira remuneratória, tendo em conta os anos de serviço na categoria profissional.
Lembrando ao MAI as dificuldades na aplicação deste novo estatuto que «cria injustiças e agrava problemas», a carta acusa o Governo de não estar a reconhecer «o trabalho, a responsabilidade e os deveres a que os polícias estão sujeitos», recordando que eles «serão prejudicados nas suas carreiras», dificultando «o funcionamento da instituição e constituindo «um retrocesso no que respeita à qualidade do serviço prestado ao cidadão».

http://www.avante.pt/noticia.asp?id=33865&area=4

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