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19/01/2010

Despesa em Investigação e Desenvolvimento: Suécia investe quase 4% do seu PIB

Os países do Norte da Europa apresentaram, em 2008, o maior volume de despesas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) no contexto da UE-27. Em Portugal, Lisboa e Vale do Tejo é a unidade territorial (NUTS II) onde uma maior proporção do respectivo PIB regional é gasta em I&D.

Suécia e Finlândia foram os países que registaram os maiores gastos em I&D, tanto em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) como em valor por habitante. Como se pode verificar no Quadro 1, nestes dois países, a despesa em I&D representou perto de 4% do PIB e mais de 1 000 €PPS por habitante (ver nota metodológica). Por outro lado, os valores mais baixos registaram-se predominantemente em países que integraram mais recentemente a União Europeia (2004 e 2007). Malta, Bulgária, Chipre e Eslováquia registaram, em 2008 uma despesa em I&D que representou 0,5% do seu PIB, enquanto na Bulgária e na Roménia o valor gasto neste domínio, por habitante, não atingiu os 50 €PPS. Em Portugal as despesas em I&D equivaleram a 1,5% do PIB e a 233,2 €PPS por habitante. A média da UE-27 foi superior aos valores registados em Portugal para estes dois indicadores: 1,9% do PIB e 399,8 €PPS por habitante.

Os gráficos 1 e 2 permitem analisar a evolução destes dois indicadores entre 1998 e 2008 na UE-27, Portugal, Espanha e nos países que em 2008 registaram o valor mais alto e mais baixo. No que respeita à despesa em I&D enquanto percentagem do PIB, é de destacar a o aumento ligeiro dos valores para a UE no período em causa, enquanto em Portugal e Espanha esse aumento foi bem mais amplo: 132,3% (de 0,65% para 1,51%) e 55,2% (de 0,87% para 1,35%), respectivamente. A Eslováquia é o único destes quatro países que regista um decréscimo da percentagem de PIB gasta em I&D. Por outro lado, a Suécia apresenta sempre valores para este indicador mais de 1,7 pontos percentuais acima da média dos 27 países-membros. Em Portugal ocorre um crescimento significativo da proporção do PIB gasta em I&D a partir de 2005, sendo que em 2008 foi ultrapassado o valor registado em Espanha, país que até esse ano apresentava valores mais elevados do que Portugal.

Entre 2000 e 2008, a Suécia apresentou sempre valores gastos em I&D por habitante equivalentes a mais do dobro do registado, em média, na UE-27. Em Portugal verificou-se um aumento mais significativo desse indicador a partir de 2005, tendo-se aproximado dos valores registados em Espanha. A Bulgária, por outro lado, apesar de um aumento de 15,2 €PPS por habitante, no período analisado, encontra-se bastante distante dos valores médios da UE-27.

O Quadro 2 mostra as despesas em I&D em % do PIB, em Portugal e nas NUTS II, distribuídas pelos quatro sectores de execução dessas mesmas despesas, em 2007. Somando as despesas em I&D nestes quatro sectores (Total) verifica-se que, em 2007, Lisboa e Vale do Tejo se situava acima da média nacional no que a este indicador diz respeito: 1,59% para 1,21%. Por outro lado, a Região Autónoma da Madeira e o Algarve apresentaram, neste ano, as menores despesas em I&D tendo em conta a riqueza regional gerada: 0,30% e 0,37% do seu PIB, respectivamente. Verifica-se que em Portugal o sector empresarial registou o valor mais expressivo para este indicador: 0,62% do PIB, enquanto no sector do Estado as despesas com I&D representavam apenas 0,11% do PIB. No Algarve e regiões autónomas da Madeira e Açores, o Ensino Superior foi o sector onde se verificaram, em termos relativos, as despesas em I&D mais significativas. No Algarve, por exemplo, região na qual as despesas totais em I&D representaram 0,37% da sua riqueza gerada, o investimento em I&D no sector do Ensino Superior atingiu os 0,27% desse mesmo PIB regional. No Centro, as despesas em I&D no Ensino Superior e no sector das Empresas destacaram-se das demais: 0,5% do PIB regional em ambos os casos (para uma despesa total em I&D de 1,15% do PIB regional). Em Lisboa e Vale do Tejo, no Alentejo, no Algarve e na Região Autónoma da Madeira, as Instituições privadas sem fins lucrativos foram o sector em que se registou a menor execução de despesas em I&D.

O Quadro 3 mostra a evolução da despesa em I&D em percentagem do PIB nas regiões NUTS II e Portugal, entre 2003 e 2007. Em Portugal registou-se um aumento de 0,47 pontos percentuais na despesa em I&D, no período analisado. Verificou-se um aumento, em todas as regiões, dos valores para este indicador, à excepção do Algarve e da Região Autónoma dos Açores. Nesta verificou-se, aliás, um decréscimo de 0,1 pontos percentuais comparando os valores de 2003 e 2007. Por outro lado, foi na região de Lisboa e Vale do Tejo que a proporção do PIB regional despendida em I&D conheceu um maior aumento: 0,67 pontos percentuais. O Alentejo é a região na qual o aumento da despesa (em proporção do PIB) em I&D se afigurou mais expressiva em termos relativos, entre 2003 e 2007: crescimento de 82,2% (de 0,45% para 0,82%). A Região Autónoma dos Açores é a única que registou uma diminuição desse tipo de despesa. Em Portugal este indicador conheceu um aumento de 63,5% entre 2003 e 2007.

Nota Metodológica: Por Investigação e Desenvolvimento (I&D) entende-se “todo o trabalho criativo prosseguido de forma sistemática, com vista a ampliar o conjunto dos conhecimentos, incluindo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilização desse conjunto de conhecimentos em novas aplicações.” (INE). As despesas em Investigação e Desenvolvimento incluem "todas as despesas dirigidas para I&D ocorridas no sector empresarial (Business enterprise sector), num território nacional durante um determinado período de tempo, independentemente da origem/fonte dos financiamentos” (Eurostat, tradução própria). As despesas internas em Investigação e Desenvolvimento (Intramural expenditures) “são todas as despesas dirigidas para I&D ocorridas numa unidade estatística ou sector, independentemente da origem/fonte dos financiamentos. As despesas ocorridas fora desta unidade estatística ou sector mas para suportar a Investigação e Desenvolvimento internos (por exemplo compra de materiais para I&D) estão também incluídas” (Eurostat, tradução própria).

Por Paridade de Poder de Compra Padrão ou PPS (“Purchasing Power Standard”, no original inglês) “entende-se a unidade monetária comum artificial de referência utilizada na União Europeia para expressar o volume dos agregados económicos para efeitos das comparações espaciais, de modo a eliminar as diferenças no nível dos preços entre países. Em termos práticos, PPS é a designação dada pelo Eurostat para esta ‘unidade artificial’ no qual as Paridades de Poder de Compra e as despesas finais em termos reais são expressas, isto é, ‘Euro baseados em UE 27 ou outra combinação’. ‘Euro baseados em UE 27’ são Euro que têm o mesmo poder de compra no espaço da União Europeia a 27. O seu poder de compra é uma média ponderada do poder de compra das moedas nacionais de todos os estados membros da União Europeia, reflectindo o nível de preços médio na referência UE 27 ou, mais precisamente, a média ponderada dos níveis de preços dos estados membros” (INE). Uma unidade de PPS permite, portanto, comprar a mesma quantidade de bens e serviços em todos os países. O PPS por habitante, indicador para o qual se apresenta informação no Quadro 1 e no Gráfico 1, tem neste caso como referência os preços praticados nos vários países no ano 2000.

http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&lang=pt&id=91

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