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21/01/2010

Salários e direitos em causa na PT e na Galp: Ataque exige resposta

Representantes dos trabalhadores da Galp Energia e da Portugal Telecom abrem o ano com críticas às administrações, que preparam medidas para não aumentar os salários e agravar a ofensiva contra os direitos.

A Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal - empresa nuclear da Galp Energia - entende que a «aberrante e autocrática posição» de não haver aumentos salariais em 2010 «indicia ter alguém, ou a própria administração, interesse em aumentar a instabilidade» no grupo.

Obstrução agravada

O duro protesto consta de uma carta que a CCT enviou, na semana passada, ao presidente executivo da Galp Energia, Ferreira de Oliveira. O documento começa por criticar a «obstrução ao exercício do controlo de gestão», como facto mais evidente de uma situação que a organização dos trabalhadores «não considera coadunar-se com um desenvolvimento empresarial compatível com uma necessária gestão transparente». A obstrução «vem sendo notória em matérias de fundo» (como orçamentos e planos de negócios) e é também registada relativamente a outro tipo de informação, notando-se ainda atraso ou falta de resposta a perguntas, «sendo frequentemente violados os prazos que a lei dispõe». Ocorre também serem negligenciadas situações importantes, que a CCT expõe e que requerem medidas correctoras, «havendo mesmo questões graves que são deixadas arrastar».
O contexto descrito já «contribui para um clima de cada vez maior desconfiança sobre a gestão da Galp Energia». Mas, numa recente reunião de dirigentes da empresa, um gestor aproveitou para «declarar guerra aos trabalhadores», defendendo que em 2010 não haja aumento salarial. A reunião foi presidida por Ferreira de Oliveira e aquelas afirmações foram produzidas a propósito do seu discurso, considerando a CCT que a recusa de aumentos salariais é «mais condenável, por aquele gestor ter responsabilidades na Lisboagás, empresa em que os trabalhadores (ele não) têm os salários mais baixos».

Preocupação com razão

Na Portugal Telecom há «um número cada vez maior de trabalhadores descontentes, desmotivados e com grande cepticismo no futuro», o que é causado «pela forma incorrecta como se organiza o trabalho e transforma indicadores de gestão (a nível departamental) em realidade virtual, para esconder a verdade». Para a Comissão de Trabalhadores, «são necessárias medidas e políticas de gestão transparentes e equilibradas, para vencer os problemas estruturais e a crise de confiança que se vive no Grupo PT». Mas o que a CT ouviu de Zeinal Bava, no dia 4 de Janeiro, «deixou-nos preocupados».
No seu primeiro comunicado deste ano, distribuído na semana passada, a CT da PT reagiu desta forma ao discurso do presidente executivo, numa reunião da administração da PT Portugal com os parceiros sociais, defendendo que em 2009 todos os objectivos propostos foram atingidos e que em 2010 a estratégia deverá assentar na remuneração accionista, no investimento em fibra óptica e num grande rigor e disciplina orçamental. A preocupação da CT é fundamentada com os aumentos salariais de 2009 e a política de gestão da administração.
«Reduzir os salários e os direitos dos trabalhadores, para que fiquem ao nível do praticado nas outras empresas congéneres», é o «sexto objectivo estratégico» que a PT pretende atingir - acusa, por seu turno, o STT/CGTP-IN, glosando a campanha de marketing da empresa sobre os seus cinco objectivos.
Em comunicado aos trabalhadores, com data de 13 de Janeiro, o sindicato recorda que, no ano passado, os salários ficaram congelados ou não aumentaram além de um por cento, mas 90 por cento dos lucros de 2008 foram distribuídos aos accionistas; além desses 516 milhões de euros, estes têm já prometidos mais 1600 milhões nos próximos três anos; e houve ainda «prémios bastante generosos» para os gestores.
Na negociação do acordo colectivo de trabalho, que deveria ter por objectivo alargar os direitos consignados no Acordo de Empresa da PT Comunicações aos trabalhadores das restantes empresas do grupo, os representantes patronais já declararam, para ficar em acta, que «a proposta concreta da empresa, para a prestação de trabalho, passa pela adopção de algumas regras legais que o Código do Trabalho permite consagrar, como a adaptabilidade grupal, a criação do banco de horas, a criação de horários concentrados e a alteração dos intervalos de descanso, entre outras» - alerta ainda o sindicato.

http://www.avante.pt/noticia.asp?id=32199&area=4

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