À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

01/07/2009

Outras conexões por analisar

Marcos Domich

Revelar todos os dados e factos que fazem parte da trama conspirativa, cujo novelo começou a desenrolar-se em 16 de Abril, não é questão para umas semanas ou uns meses. Não obstante, já se sabe o principal e é sobre esse conhecimento que deve actuar a justiça, sem se deixar travar por artimanhas, ridícularias e argumentações. O principal é que nos últimos dias se revelaram as conexões internacionais e as intenções de manobrar e envolver os militares na conspiração separatista. Por outras palavras, a Procuradoria da República. sobretudo, aproximou-se do coração do complot.

Um facto acidental, a milhares de quilómetros da Bolívia, confirma que prosseguia a todo o vapor uma das suas variantes: o magnicídio. O que Rózsa queria fazer com Evo - quando a cúpula dirigente do governo se reuniu num barco no lago Titicaca - desta vez queriam fazê-lo no aeroporto da capital de El Salvador. A inteligência detectou nas imediações do aeroporto a instalação de mísseis, com os quais se pretendia atingir a aeronave na qual o presidente Chavez aterrava ou levantava, concluída a sua presença nos actos de posse do presidente Funes. Os dados da inteligência eram contundentes. O atentado bem poderia estender-se a Evo e a Daniel Ortega. Isso explica a súbita e inesperada ausência destes, também convidados para a posse de Funes e que, na verdade, na sua correcta valoração política, eram muito importantes. Trata-se do primeiro presidente progressista que conseguia derrotar uma das direitas mais cavernícolas da América Latina. Era, pois, um acto para celebrar em grande. Ligar a preparação do atentado a Chávez com a possibilidade de o estender a outros presidentes como Evo e Ortega não é nenhuma dedução delirante. A gente que se envolveu neste feito faz parte do «pessoal», quadros que já têm experiência na matéria. Chávez denunciou directamente Posada Carriles e a sua gente de estarem por trás deste complot. Como se recordará, Posada Carriles é o sujeito que em 1973 fez explodir um avião da Cubana de Aviación, no qual viajava a galardoada equipa cubana de esgrima que retornava ao seu país. Mas não é o único facto a que estava ligado este terrorista. Por exemplo, foi apanhado com as mãos na massa no Panamá quando atentava contra Fidel. Todos os fios desta conspiração conduzem, ou á CIA ou a todas as organizações de fachada, como as dos direitos humanos (HRF) e suas filiais, a UnoAmérica, etc.

A outra conexão que se está a esclarecer é a dos militares reformados que supostamente tinham sido chamados para «assessorar» em planos de defesa de Santa Cruz. Este tema é especialmente complicado e espinhoso. Deve tratar-se com pinças; mas é inegável que em algum momento tinha que vir a público. Sabe-se de sete oficiais reformados e dois que estavam com baixa das Forças Armadas, há mais de uma década. Entre os últimos está o General Chávez Ortiz, sobre o qual pesa a acusação ter traficado 390.000 metralhadoras e 3.000.000 projécteis. Recordemos que eram os tempos de Menem na Argentina e de Paz Zamora na Bolivia.

Não podemos baixar a guarda, eis a moral da história.

ODiario.info - 01.07.09

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