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03/07/2009

Necessidades sociais são desigualmente satisfeitas na sociedade portuguesa

Estudo “Necessidades em Portugal. Tradição e Tendências Emergentes”, realizado pela TESE – Associação para o Desenvolvimento e coordenado pelo Centro de Estudos Territoriais (CET), assenta sobretudo numa análise de representações e reivindicações da população portuguesa. Demonstra que a percepção e qualificação das suas condições de vida tendem a variar de acordo com o rendimento disponível, o sexo do indivíduo ou a região de residência.

Cerca de um quinto dos portugueses inquiridos dizem sentir dificuldade no pagamento da renda da casa, 61,9% deles reportam não dispor de condições económicas que lhes possibilitem pagar uma semana de férias por ano, sem ser na casa de familiares, e 29,3% dos algarvios que responderam ao inquérito referem que recebem apoio financeiro institucional (Rendimento Social de Inserção, Subsídio de Desemprego….). Estes são três dos abundantes indicadores que se podem encontrar no relatório “Necessidades em Portugal. Tradição e Tendências Emergentes”, estudo onde são afloradas várias dimensões de análise, tais como o trabalho e o emprego, o nível de vida e a gestão de rendimentos e consumos, educação e competências, a família e as redes de apoio ou o bem-estar subjectivo.
A respeito desta última área temática, o bem-estar subjectivo, conclui-se que os indivíduos mais escolarizados, melhor remunerados e empregados tendem a registar níveis de satisfação com a vida relativamente maiores (p. 99 do relatório).

“O discurso dos entrevistados face às necessidades está, em larga medida, marcado pela privação de uma percentagem significativa de respondentes. Cerca de 1/3 da população entrevistada vai manifestando, ao longo do questionário, dificuldades várias, e de diferente intensidade, face à vida quotidiana. Apesar do questionário manifestar a diversidade dos modos de vida e das formas de expressão das necessidades da população portuguesa, é um contexto marcado pela precariedade que sobressai, estando uma parte significativa da população preocupada com a sua sobrevivência e tendo dificuldades em assegurar algumas condições de vida básicas.
Para a maioria dos entrevistados, a percepção das necessidades associa-se, assim, a necessidades físicas e de recursos: rendimentos, emprego, acesso aos serviços de saúde, transportes e acessibilidades. Estas necessidades decorrem não apenas da apreciação dos rendimentos do trabalho mas também dos recursos sociais provenientes do ‘modelo social’ de desenvolvimento da sociedade portuguesa com dificuldades em assegurar dimensões chave das políticas sociais como a protecção na saúde e na velhice” (p. 120 do relatório).


Os resultados apurados resultaram da realização, em Novembro de 2008, de 1 237 inquéritos por questionário válidos.

Link para relatório

Observatório das Desigualdades - 03.07.09

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