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02/07/2009

Crise nos sectores químico e farmacêutico

Numa análise à situação social nas empresas dos sectores químico e farmacêutico, o Sinquifa/CGTP-IN detectou 36 empresas em dificuldades só nos distritos de Leiria, Lisboa, Santarém, Setúbal e Portalegre.

Ao todo, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas (Sinquifa/CGTP-IN) apurou haver, até 22 de Junho, nestes sectores e regiões, cerca de três mil trabalhadores que perderam direitos, remunerações ou o emprego. Dos muitos despedidos constam dois representantes sindicais, no laboratório West Pharma e na Corticeira Amorim, no Seixal.
Num documento enviado às redacções, o Sinquifa confirmou que as empresas onde mais trabalhadores têm sido dispensados são as relacionadas com a indústria automóvel, os plásticos, na sua maioria segmentações da indústria automóvel, e nos laboratórios farmacêuticos.
Ligada ao ramo automóvel, a situação mais grave detectada pelo sindicato, no distrito de Leiria, é a da Key Plastics, onde, depois de ter despedido 200 trabalhadores, a empresa pediu apoios do Estado. Outra muito grave situação está a ser vivida na Iber-Oleff, onde já foram despedidos mais de 200 dos 350 trabalhadores.
Na região de Lisboa foram detectadas situações com maior gravidade, pela sua dimensão, nos laboratórios farmacêuticos, designadamente nos Delta, onde 230 postos de trabalho estão ameaçados por o grupo a que pertence ter adquirido outras empresas e ter passado a adquirir medicamentos «por fora», depois de ter despedido colectivamente 38 trabalhadores. O Laboratório Seber despediu todos os 109 trabalhadores das suas três empresas, com o único argumento de uma suposta «organização empresarial». A Pfhizer eliminou 78 empregos. O West Pharma despediu 6. O UCB eliminou 60, a Arrwowble encerrou e despediu 50, enquanto o Bristol atirou 30 funcionários para o desemprego.
O laboratório Sanofi Aventis, em Leiria, também efectuou um despedimento colectivo de 94 trabalhadores, no fim do ano passado, e outro, de dez, concretizou-se no Laboratório Azevedo.
A produtora de genéricos, Tolife, argumentou com a diminuição do preço daqueles medicamentos para despedir 11 trabalhadores.
Na região lisboeta têm também ocorrido despedimentos, lay-offs e assinaláveis perdas de direitos, designadamente na produtora de produtos para cerâmica, Ferro; na Filkenp, no sector dos monofios, em lay-off desde Março; na fabricante de detergentes Budelpack, cuja empresa-mãe holandesa faliu, tendo sido vendida a um consórcio de quadros, e na Lever que, em dois meses, despediu 23 trabalhadores. Em perigo estão também empregos na fabricante de Biodiesel, Iberol, e na produtora de margarinas, Fima, onde estão a ocorrer «despedimentos por mútuo acordo».
Em insolvência encontra-se a Adioplast, de Santarém, com 30 operários há vários meses sem receber.

Despedimentos a torto e a direito

Quanto aos trabalhadores do sector automóvel, no distrito de Setúbal, o Sinquifa/CGTP-IN salientou a Faurécia, onde os contratos temporários não foram renovados e a concorrência da Autoeuropa põe em perigo os 409 empregos. A Tayo encerrou a 1 de Junho, despedindo 71 trabalhadores.
Na Amoniaco-Portugal, «josé de Mello decidiu encerrar definitivamente o fabrico de amoníaco e de ureia, processo que consumou, dia 27 de Maio, com o despedimento de 145 trabalhadores», lembrou o sindicato. No Seixal, a Corticeira Amorim despediu 193 trabalhadores e está a tentar impor um banco de horas, «através de chantagem».
O sindicato também notou dificuldades em empresas mais pequenas como a Carbogal, a Euroresinas, a C. Pet. Barreiro e a Sintoniland.
No distrito de Portalegre, é muito preocupante a situação na Delphi, onde depois de terem evitado o encerramento no fim do ano passado, os trabalhadores voltaram a ser confrontados com o anúncio, pela empresa, a 11 de Maio, da intenção de encerrar no fim deste ano. 7O temporários foram dispensados e estão em causa 431 empregos. Em lay-off, por duas semanas, estão os 60 trabalhadores da Dyn Aero, também em Portalegre.
Há ainda postos de trabalho em perigo, em Leiria, na recauchutadora de pneus Seiça, onde a crise foi argumento para despedir cinco trabalhadores. Na Betablue, do mesmo ramo, a maioria dos trabalhadores está em lay-off.
O Sinquifa também salientou a situação no sector de plásticos, em Leiria, na Delfingen, onde 18 trabalhadores foram despedidos colectivamente, e a aquisição da João Ruano pela Grandupla, mantendo-se, na primeira, as dívidas de 18 meses de quotizações sindicais. Em lay-off estão também, desde 11 de Maio, os 60 trabalhadores da Sival, bem como a NabanCarpetes, recordou o sindicato que, num comunicado de dia 27, se manifestou contra o lay-off imposto na Repsol, apelando à unidade dos trabalhadores em defesa dos direitos e dos salários.

Greves no sector eléctrico

Num comunicado de anteontem, a Federação Intersidical das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas, Fiequimetal/CGTP-IN, federação de que o Sinquifa faz parte, anunciou um conjunto de greves com início agendado para ontem, por actualizações salariais de cinco por cento, e para exigir o cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho. As greves vão prolongar-se até dia 10, e envolverão os trabalhadores do Grupo Bosh e das empresas Delphi, Vitron Portuguesa, Visteon, Thyssen Krupp Elevadores, Otis Elevadores, Preh, GE Power Controls, Jayme Costa e Actartis, «entre outras», anunciou a federação. Desde que a associação patronal declarou considerar caducado o contrato colectivo, em 2006, estes trabalhadores continuam a viver incumprimentos das regras estipuladas, designadamente das relativas a salários e retribuições.
Avante - 02.07.09

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