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07/05/2009

Visabeira vai despedir até 500 trabalhadores da Vista Alegre

O novo líder nacional da cerâmica nasceu da conjugação de dois factores: o impacto da crise económica numa indústria já fragilizada e a predisposição dos accionistas para abrir mão de activos em risco de colapso financeiro.

Foi assim que a Visabeira conseguiu, num curto espaço de tempo, ficar com as centenárias Vista Alegre Atlantis (VAA) e Bordalo Pinheiro.

O plano de reestruturação que o grupo de Viseu vai mover para recuperar as duas empresas até 2010 inclui a eliminação de 400 a 500 postos de trabalho (cerca de 25 por cento do total).

Paulo Varela, vice-presidente da Visabeira, avançou ao PÚBLICO que estes despedimentos vão incidir sobre os trabalhadores afectos à VAA, sobre a qual lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) em Janeiro. Em entrevista (que será publicada, amanhã, no suplemento de Economia), o porta-voz do grupo explicou que "não há razão para alterar o processo de reestruturação que [a cerâmica] já tem em curso desde Fevereiro", apesar de os novos donos só assumirem a pasta no final deste mês.

Além dos despedimentos, a Visabeira vai prosseguir com outras decisões de reduções de custo, com o objectivo de "ter condições para que os dois negócios assumam rentabilidade a partir do segundo semestre de 2010". No imediato, vai centralizar alguns processos, como a central de compras e o departamento comercial.

E, no médio a longo prazo, "criar racionalidade ao nível dos processos produtivos", especializando a produção em cada uma das fábricas, acrescentou. Isso não vai significar, no entanto, o encerramento de qualquer unidade fabril.

A compra da VAA, da qual detém 63,5 por cento, e da Bordalo Pinheiro, da qual comprou 74 por cento (depois da intervenção do Governo na procura de um investidor), vai culminar ainda numa reorganização orgânica do grupo fundado por Fernando Nunes, em 1980. A sub-holding da indústria vai passar a ter um novo administrador, Álvaro Tavares, e será segmentada em duas áreas: cerâmica e outras actividades industriais.

Estas mudanças estão incluídas num orçamento de 75 milhões de euros destinado à expansão da actividade em 2009. Perto de quatro milhões de euros foram despendidos na aquisição das empresas centenárias (2,6 milhões na VAA e 1,5 milhões na Bordalo Pinheiro), mas serão necessários novos investimentos na sua recapitalização.

Para tal, a Visabeira, que viu os seus lucros cair 73 por cento em 2008, devido ao aumento dos custos financeiros e à desvalorização de participações em empresa cotadas, vai recorrer à dívida bancária.

O plano de investimentos para este ano inclui ainda o arranque de um projecto na área dos biocombustíveis, em Portugal, a expansão das operações de TV cabo em Angola e a construção de dois hotéis no mesmo país. No total, a vertente internacional, que o grupo quer que passe a pesar 50 por cento nas suas contas num prazo de três anos, vai absorver metade do orçamento.
Público.pt - 07.05.09

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