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08/05/2009

Epidemia, pandemia ou mania?...

Pedro Campos

Anda o mundo de pernas para o ar e aterrado com a gripe suína que, para fazer devida justiça aos pobres porquinhos, já não se chama assim mas H1N1, nome muito menos mediático, como é fácil de ver. Contudo, não há dia em que os media não se refiram à H1N1 contando-lhe rigorosamente todos os casos. Os que são e os que depois se vem a saber que o não eram. Zelo admirável!
Curiosamente, esta epidemia ou pandemia – os especialistas ainda não lhe definiram as proporções – só afecta com certa virulência o México do batoteiro Calderón – onde parece que toda a gente anda de tapa-boca – e os Estados Unidos do mediático Barak Obama. Contudo, e longe de pretender minimizar aqui a importância dos mortos num e noutro país e a dor dos respectivos familiares e amigos, parece um tanto estranho tanto interesse dos media nesta gripe. É que, neste momento, segundo números da Organização Mundial da Saúde, o H1N1 provocou 17 mortes. Entretanto, cada dia morrem de fome 16 mil crianças, oito mil por culpa da malária e mais seis mil devido à SIDA. Veja-se só isto. A leitura desta nota até aqui deve ter tomado mais ou menos 60 segundos a um leitor experimentado. Nesse mesmo tempo morreram de fome 16 pessoas. Bem feitas as contas, são cifras muito mais impressionantes e não se fala delas todos os dias. Por outro lado, os nossos neurónios começam a agitar-se com a suspeição quando as agências de notícias nos dizem que, numa crise generalizada, sobem significativamente de valor as ações das empresas... farmacêuticas!
Leonard Horowitz, especialista em saúde pública, bioterrorismo e emergências por enfermidades afirma que esta gripe, como antes a gripe das aves e outro vírus, foi criada em laboratórios com a finalidade de obter benefícios com a venda da vacina preparada por esses mesmos laboratórios. Horowitz, formado em Harvard, é autor do best seller «Vírus emergentes: SIDA e Ébola» e tem publicados vários outros livros sobre temas semelhantes, nalguns dos quais acusa o cartel petrolífero e o farmacêutico de prepararem um genocídio. Teoria conspirativa? Como se não soubéssemos que é uma realidade a guerra bacteriológica!

E o juramento de Hipócrates?

Bruce Jessen e Jim Mitchel, ex-militares do tio Sam, são dois psicólogos que passarão à história por razões muito pouco científicas. Melhor dito, por terem inventado o que não era preciso. Estes pombinhos estão acusados de serem os inventores do famigerado waterboarding, refinadíssima tortura da época de Bush. O waterboarding ou submarino consistia – consiste, que a tortura está proibida mas de boa saúde – em amarrar o «terrorista» a uma tábua – terrorista é quem assim o decide em Washington – e mergulhá-lo na água para criar na vítima a «sensação» de que vai ser afogado. Esta «técnica» de interrogatório, recordada numa reportagem do canal norte-americano ABC, era parte de um programa secreto concebido pela CIA, que contratou Jessen e Mitchel para que «desenvolvessem» este método de «investigação».
Os alegados membros de Al Qaeda eram as principais vítimas do waterboarding. Ao que parece Khalid Sheik Mohamed, detido em 2003 e alegado cérebro do ainda mal explicado 11 de Setembro, tem o recorde mundial: foi submetido 183 vezes a esta tortura. O segundo lugar corresponde a Abu Zubaydah, capturado pouco depois do 11S, com 83 imersões.
Durante o tempo do seu peculiar «contrato» com a CIA, estes dois especialistas receberam diariamente milhares de dólares como recompensa pelos seus serviços, acrescenta o ABC.
Ele há cada maneira de ganhar a vida!

Isto é que é miséria!

Se a qualquer trabalhador desses que formam o Zé Povinho lhe fazem uma redução de ordenado na ordem dos 14%, lá se vai o orçamento do mês para o maneta! É (quase) isso mesmo que se está a passar com alguns filhos do tio Sam. Mas se tudo é relativo, isto das percentagens é-o ainda muito mais. Repare-se só isto.
Os executivos de topo de 30 companhias do índice Dow Jones e 15 das maiores empresas de S&P – ou seja 45 tubarões do mundo dos negócios – ganharam em 2008 cerca de 14,8% menos do que no ano anterior. Quando foi isso em valor absoluto? «Só» 685 milhões de dólares! Mas não se pense que o «buraco» foi nos ordenados. Foi no valor das acções e outros pequenos benefícios. O caso do «pobre» Ray Irani, da Occidental Petroleum, é de fazer estalar o coração de dor: na sua conta à ordem entraram 60 milhões, mas se contarmos outros adicionais a soma salta para 223 milhões!
É a crise...
Avante - 08.05.09

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