'Lay-off', acções de formação profissional e renegociações vão levar à quebra dos salários reais em 2009, diz a Comissão Europeia. Ainda assim, a produtividade do trabalho vai cair.
Os salários dos portugueses vão cair, em média, 0,6% este ano, de acordo com as previsões da Comissão Europeia. As cada vez mais frequentes medidas de lay-off - dispensa de dias de trabalho decidida por centenas de empresas e acções de formação profissional com consequente diminuição dos salários mensais - justificam a quebra nas remunerações.
Uma surpresa para os analistas contactados pelo DN, num ano em que o Banco de Portugal prevê uma queda de 0,2% nos preços médios ao consumidor (inflação) e os salários dos funcionários públicos - cerca de 15% da força laboral do País - beneficiaram de um incremento de 2,9%, decidido em Outubro passado.
Em Janeiro deste ano, as remunerações médias implícitas nos contratos colectivos de trabalho estavam a ser negociados na ordem dos 2,5%, de acordo com dados do Banco de Portugal referentes a Abril. Mas nos últimos meses, é sabido, a negociação salarial está longe destes valores.
Isto significa, de acordo com sindicalistas e economistas, que a ameaça de desemprego está a levar a uma pressão no sentido da baixa das retribuições.
Apesar de esta quebra nos salários reduzir os custos laborais, a produtividade (aparente) do trabalho em Portugal vai também cair cerca de 2,2% em relação a 2008, de acordo com os dados de Bruxelas.
Uma situação análoga a todos os países da Zona Euro, à excepção da Eslovénia, Chipre e Espanha. No país vizinho, o aumento da produtividade (+2,3%) é explicado pelo forte aumento do desemprego - que pode atingir os 20,5% da população activa em 2010 - a um ritmo mais intenso do que a degradação da economia.
Em Portugal, a queda da produtividade aparente do trabalho pode ser justificada por uma retracção da economia superior à evolução da taxa de desemprego.
De facto, a Comissão Europeia prevê para este ano uma contracção de 3,7% da economia portuguesa, com o emprego a cair 1,4%. Isto significa em termos macroeconómicos que as empresas estão predispostas a conservar empregos, apesar da diminuição da produtividade.
D.N. - 08.05.09
Sem comentários:
Enviar um comentário