Os professores do Ensino Politécnico receiam despedimentos entre os quatro mil docentes com vínculos precários. Esta quarta-feira, Mariano Gago volta a reunir-se com os sindicatos por causa da revisão do Estatuto da Carreira.
A proposta do Governo prevê que entre 30 e 50% dos docentes do Politécnico sejam dos quadros. Actualmente, 70% têm vínculo precário, cerca de quatro mil professores, assegurou, ao JN, Mário Carvalho, dirigente da Fenprof. Sindicatos e docentes anseiam que Mariano Gago adiante o número de vagas que vão abrir no sistema ou o que irá acontecer a esses professores equiparados. Depois da reunião de hoje entre sindicatos e ministro do Ensino Superior, se o Governo mantiver a proposta "tal qual está, terão de se tomar posições fortes", acresccenta o mesmo dirigente.
De acordo com a Fenprof, o Governo planeia abrir três mil vagas para o Politécnico. Sendo que cerca de 2750 já estão preenchidas, sobram 250 para os quatro mil professores com vínculos precários, muitos deles há mais de dez anos nas instituições. Caso esses docentes passem a regime parcial, perderão cerca de um terço dos seus vencimentos.
"Mais vale emigrarem", reage Mário Carvalho, enquanto Cristina Delerue Matos alega que uma instituição "não pode funcionar com 50% do seu corpo docente em regime parcial". A professora do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) foi uma dos 170 docentes que, anteontem, subscreveram e enviaram uma carta aberta a Mariano Gago. O documento foi convertido em petição e está online (www.petitiononline.com/ECPDESP/petition.html). Em poucas horas, reuniu mais de 350 assinaturas. Cristina Delerue explicou ao JN que os docentes não equacionaram reunir o número de assinaturas para a petição ser debatida no Parlamento. "O que queremos é dizer ao senhor ministro que estamos muito preocupados", afirmou.
A professora do ISEP coordena o centro de investigação de Química integrado num laboratório associado. Ao JN não escondeu os seus receios: "No meu grupo, quatro docentes são dos quadros e nove são equiparados. Custou-me muito criar este grupo e não sei como irei continuar a trabalhar se eles saírem".
O ISEP é a instituição do Politécnico com maior número de doutorados - 136 num total de 441 docentes, sendo que, desses 69, ou seja, mais de metade, têm contratos a prazo. Nos professores com mestrado, a diferença é ainda maior: só 59 dos 171 são do quadro.
"Se a intenção não for acabar com o Politécnico", a proposta tem de ser alterada, insiste Mário Carvalho. Para o dirigente, tanto o funcionamento dos estabelecimentos como dos centros de investigação "assentam no trabalho dos professores equiparados".
J.N. - 06.05.09
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