No primeiro semestre deste ano, a Assistência Médica Internacional (AMI) registou um valor recorde de pedidos de ajuda, tendo a fundação prestado apoios a 7026 pessoas.
Em vésperas do Dia Mundial da Alimentação (que se assinala no sábado), a AMI, em comunicado, garante que “nunca” registou, “na sua história, tantos pedidos de ajuda como neste ano”, situação que considera “preocupante”, uma vez que “começam a faltar respostas que permitam alterar a evolução da pobreza”.
Em declarações à Lusa, Ana Martins, directora nacional da Acção Social da AMI, entende que “os porquês são difíceis de identificar” e justifica: “Os números do desemprego estão a aumentar - já vamos nos 10,6 por cento. Por outro lado, nem todos os desempregados estão cobertos pelo subsídio de desemprego e, portanto, têm de recorrer a apoios de instituições como a AMI.”
Ana Martins destaca ainda “o corte nos benefícios sociais, que as pessoas tinham mas que deixaram de ter”, o que as leva a procurar “não só mais comida mas também mais livros para as crianças, quando os há, material escolar, roupa, tudo o que possa minorar a falta de bens essenciais”.
As 7026 pessoas que a AMI já apoiou no primeiro semestre deste ano representam mais do que a organização ajudou nos anos de 2005 e de 2006 e cerca de 75 por cento do total registado em 2009.
De acordo com o comunicado da AMI, também os novos casos de pobreza aumentaram nos primeiros seis meses do ano, uma vez que “só de Janeiro a Junho foram 2474 as pessoas que recorreram pela primeira vez ao apoio social da AMI, um crescimento de 26 por cento” em relação ao mesmo período do ano anterior.
A responsável pela Ação Social da AMI afirma que “o perfil do pobre português não mudou com a crise” e que “Portugal é o país da Europa onde há um maior nível de reprodução no tempo em que as pessoas são pobres, ou seja, filho de pai pobre é pobre”.
Por isso, os pobres portugueses são, regra geral, “pessoas em idade activa, com muito baixos níveis ou nenhuns de escolaridade e muito menos formação profissional”.
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