João Frazão
Eu não teria tanta imaginação para encontrar formas, cada uma mais catastrófica que a anterior, para caracterizar a situação em que o País ficaria se ESTE Orçamento de Estado não fosse aprovado.
Economistas, politólogos, sociólogos, analistas políticos, ex-ministros, ex-presidentes da República, ex-dirigentes partidários, empresários, banqueiros, membros das mais reputadas e insuspeitas instituições e agências nacionais e internacionais, em resumo, todos que se conheçam e outros que nem por isso, alinham-se uns atrás dos outros em sucessivas avaliações com a inevitável sentença: isto não está bem!
Talvez porque isso não seja grande novidade para ninguém, cada um deles esforça-se por dar um toque pessoal à construção de um cenário grotesco e daí até concluírem que o chumbo d'ESTE Orçamento resultaria no «horror», no «desastre», numa situação «péssima» ou mesmo «deplorável», é um saltinho.
O último vaticínio veio pelo incontornável Marcelo Rebelo de Sousa. Dê lá por onde der, é preciso aprovar ESTE Orçamento, sob pena do país entrar em “colapso”, dizia ele na sua homilia dominical. E, dito isto num dos canais de televisão, logo foi amplificado em rádios e jornais como a sentença definitiva.
No palavrear mais ou menos especializado de toda esta gente, até parece importar pouco o que vem dentro d’ESTE Orçamento, desde que ele seja aprovado. É que, vamos lá a ver se nos entendemos, ESTE Orçamento poderia até nem ser o de 2011. Ele é de facto, o prosseguimento do OE de 2010, do PEC1, do PEC2 e do PEC3. ESTE Orçamento é o do aprofundar dos ataques aos direitos de quem trabalha e dos benefícios à banca e ao grande capital. É o do acentuar da exploração e das dificuldades para a maioria. É o da capitulação nacional perante os interesses dos países mais poderosos da União Europeia e dos sacrossantos mercados.
Esmagando o povo com a força do «colapso» que aí viria se ESTE Orçamento não fosse aprovado, o que esta miríade de comentadores verdadeiramente quer evitar que se discuta é o rumo de injustiça e declínio nacional que iniciaram com a contra-revolução e que agora estão a elevar a patamares difíceis de conceber.
E é por isso que para esta gente não há alternativa a ESTE Orçamento, sejam quais forem as consequências para a vida dos trabalhadores e do povo. Para eles, é preciso que não se discutam outros rumos e outros caminhos. Porque eles levariam, isso sim, ao necessário colapso da política de direita e a um país mais justo.
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