Directora clínica e três chefes de serviço atacam desinvestimento na unidade
A direcção clínica e os três directores de serviço da Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, pediram a demissão em bloco na sequência de várias decisões do conselho de administração. Atrasos no acesso a materiais, a ausência de obras na unidade e o cancelamento da construção de um centro de medicina da reprodução, com as consequências que têm na qualidade do atendimento, foram as razões reveladas ao DN para os pedidos de demissão.
Os pedidos de demissão, que foram transmitidos nos últimos dias aos administradores do Centro Hospitalar de Coimbra, já são do conhecimento da Federação Nacional dos Médicos (FNAM). Sérgio Esperança, dirigente do sindicato, disse ao DN que estava preocupado com a situação. "Vamos pedir explicações para estas demissões. Estamos a falar da directora clínica e dos directores dos serviços de ginecologia, obstetrícia e neonatologia, que são pessoas que têm toda a confiança dos médicos". Em relação aos utentes, teme que "se prejudique a assistência. Esta é uma das duas unidades mais diferenciadas do centro".
Um especialista que não quis ser identificado referiu ao DN que "há uma insatisfação global do corpo clínico. Desistiu-se das obras das estruturas que estavam aprovadas há anos e que são urgentes. O edifício tem 30 anos. E se isso não afecta a qualidade clínica, afecta indirectamente a qualidade dos cuidados aos utentes", refere.
Já em relação ao centro de procriação medicamente assistida (PMA), "transmitiram-nos que ia ficar no hospital pediátrico, quando já tínhamos comprado o material e projectos com dois anos", lamenta. A administração justifica a transferência com "o atraso na conclusão do projecto existente", reinstalando-o no novo hospital pediátrico a título provisório", e antecipando a criação do novo centro de PMA "com custos controlados num cenário de crise".
Diariamente, de acordo com fontes do hospital e do sindicato, há problemas com o acesso a material. "O material não tem sido substituído com a rapidez necessária. Só agora vão lançar um concurso para a aquisição de material, o que ainda vai demorar", exemplifica outro médico do serviço.
Isso aconteceu com a unidade da neonatologia. Houve problemas com as incubadoras, por isso a unidade ficou algum tempo sem receber bebés prematuros", diz Sérgio Esperança. A administração do Centro Hospitalar de Coimbra nega que haja desinvestimento na área, "considerando que o novo hospital pediátrico terá uma das melhores unidades de cuidados intensivos, preparada para responder à região", apesar de admitir que a maternidade precisa de obras. As unidades "tendem para se complementar e integrar os recursos".
As demissões foram "expressão individual e colectiva de uma profunda tristeza e o defraudar de mais um projecto de requalificação da unidade". Mas a administração diz que "não afectará a qualidade da prestação assistencial".
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1620328&seccao=Centro
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