A maioria das pessoas apoiadas pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) são idosas, pobres, com baixa escolaridade e "pouca saúde", revelou a coordenadora da estrutura.
Segundo Inês Guerreiro, 80,5 por cento dos utentes referenciados na rede têm mais de 65 anos e 42 por cento mais de 80 anos. A maior parte vive com a família que, muitas vezes, também tem uma idade avançada, e 21 por cento vivem sozinhos. O relatório da RNCCI de 2009 indica que houve um aumento dos utentes com mais de 80 anos no ano passado (39 por cento em 2008), o que pressupõe "situações de menor autonomia e de maior dificuldade de recuperação".
Inês Guerreiro adiantou que 35 por cento das pessoas atendidas em 2009 eram analfabetas e 55 por cento tinham apenas seis anos de escolaridade. Até 31 de Dezembro de 2009, havia 3938 camas a funcionar na rede (mais 37 por cento do que em 2008): 1308 no Norte, 1196 no Centro, 743 em Lisboa e Vale do Tejo, 374 no Alentejo e 317 no Algarve.
Lisboa e Vale do Tejo (LVT) é a região com menor cobertura e o Algarve a que tem maior, tal como já acontecia em 2008. As equipas domiciliárias aumentaram 122 por cento e as referenciações para cuidados paliativos cresceram 56 por cento. Desde o início da rede já foram referenciados 50 mil utentes e assistidos mais de 40 mil. Em 2009, foram auxiliados 20.303 doentes, dos cerca de 25 mil sinalizados.
Por outro lado, salientou Inês Guerreiro, 87 por cento dos doentes foram referenciados através de critérios, o que demonstra "uma maior interiorização do funcionamento da rede, maior adesão a nível dos hospitais e dos centros de saúde e um maior conhecimento das famílias" sobre os seus direitos. "Havia uma grande lacuna entre os níveis de cuidados hospitalares e os níveis de cuidados primários. Em 90 por cento dos casos, as pessoas iam do hospital para o domicílio sem ser promovida a recuperação das capacidades perdidas durante o período da doença", comentou.
Os acordos de prestação de serviços com Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) representaram, em 2009, 68 por cento do total de acordos celebrados, representando a contratação de 2516 camas, cerca de 64 por cento da oferta.
No âmbito das IPSS, as Santas Casas da Misericórdia celebraram 100 acordos, com 1919 camas contratadas, correspondendo a cerca de 49 por cento do total de camas. O Serviço Nacional de Saúde abrange 12 por cento do total de acordos celebrados (23), com a contratação de cerca de 10 por cento da capacidade instalada (378 camas), mais 23 por cento do que em 2008.
Com as entidades privadas com fins lucrativos foram celebrados cerca de 20 por cento do total de acordos com 1044 camas contratadas, representando cerca de 27 por cento da capacidade instalada da rede e um aumento de 130 por cento em relação a 2008, o maior registado entre as entidades prestadoras.
http://www.publico.pt/Sociedade/maioria-dos-doentes-dos-cuidados-continuados-sao-idosos-pobres-e-com-baixa-escolaridade_1430955
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