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07/04/2010

Área Metropolitana de Lisboa já tem 765 mil pessoas sem médico de família

Um em cada quatro residentes nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML) não tem médico de família, segundo dados revelados ao PÚBLICO pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). O problema tem crescido e poderá agravar-se em breve com a reforma de alguns clínicos.

O impacto deste défice tem sido minimizado pela criação de unidades de saúde familiar (USF), onde os profissionais envolvidos assumem o compromisso de responder às necessidades de todos os inscritos. De acordo com a ARSLVT, só a partir de 2013 é que o problema poderá começar a resolver-se, altura em que se prevê que o número de novos médicos formados em clínica geral seja superior aos que se reformam.

No final do passado mês de Fevereiro, 765.375 utentes inscritos nos centros de saúde dos 18 concelhos da AML não tinham médico de família, o que representa cerca de 24,5 por cento dos 3,299 milhões de inscritos nesta que é a região mais populosa do país. A ARSLVT recomenda, por isso, a marcação antecipada de consultas e a opção por consultas de recurso em situações súbitas e agudas. Em muitos casos, porém, o sistema já não tem capacidade de resposta e os utentes sentem-se obrigados a passar horas, de madrugada, em filas à porta dos centros de saúde ou a recorrerem aos hospitais ou à medicina privada.

O Centro de Saúde de Santo Condestável, em Lisboa, é nesta altura o mais afectado, com mais de 56% dos seus utentes inscritos sem médico de família. Segundo os dados da ARSLVT será mesmo o único centro de saúde da AML (num total de 54 unidades) em que há mais utentes sem médico do que inscritos com médico de família atribuído. Nesta zona do centro de Lisboa há 19.872 inscritos, mas 11.179 não têm médico. O município da capital não é, todavia, dos mais afectados. Apesar de centros de saúde de maior dimensão como o do Lumiar também terem muitos utentes sem médico, a média concelhia (18,3%) é bastante favorável e inferior à da AML. Em melhor situação está o Centro de Saúde de São Mamede, onde entre os 18.769 inscritos apenas 726 não têm médico de família.

Os concelhos mais afectados estão na margem sul do Tejo, com o Montijo à cabeça (34,6% sem médico), seguido por Setúbal (32,6) e Moita (29,4). Na margem norte lidera Odivelas, com cerca de 30%, seguindo-se Amadora (28,3%). Em melhor situação na AML estão Oeiras (cerca de 15% sem médico) e o Barreiro (cerca de 17%).

A ARSLVT explica também que dos cerca de 765 mil utentes sem médico de família, perto de 27 mil não dispõem deste tipo de acompanhamento por opção própria. "O reforço do pessoal médico é uma matéria permanentemente em análise" nos serviços, afirma, mas a grande questão é mesmo "a carência de médicos" a nível nacional. "Desde que existam médicos dispostos a trabalhar em qualquer centro ou extensão de saúde, a ARSLVT tratará de estudar e assegurar a sua contratação", garante o gabinete de comunicação da Administração Regional de Saúde responsável pela cobertura dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. Até que o número de médicos que se forma seja superior ao dos que se reformam, a ARSLVT julga que "a solução passa sobretudo pela contratação de empresas que possam assegurar médicos para a prestação de cuidados de saúde ou, como já anunciado pelo Governo, pela eventual contratação de médicos que se tenham reformado mas que estejam ainda disponíveis para continuar a trabalhar".

A criação de USF tem sido outra das medidas estratégicas seguida pela ARSLVT (funcionam 81 na sua área), tendo em conta que o seu modelo de funcionamento "permite que os médicos de medicina geral e familiar tenham uma "carteira" de utentes atribuída com um maior número de utentes do que os centros e extensões de saúde no modelo tradicional".

http://www.publico.pt/Local/area-metropolitana-de-lisboa-ja-tem-765-mil-pessoas-sem-medico-de-familia_1431141

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