PEC, Défice, Rating, Austeridade, PIB, Crescimento Económico. Siglas ou palavras que revelam a tentativa continuada dos governos na utilização de um argumentário que procura afastar a possibilidade de resposta da parte da população que vive do seu trabalho. Estes argumentos de autoridade afastam as pessoas porque no fundo, não fazem parte da vida delas, serão na melhor das hipóteses, "coisas" que influenciam a sua vida. A vida da maioria significa salário, casa, comida, escola, saúde, e um pouco de distração se possível.
Mas o problema é esse mesmo, os governos estão voltados para outras pessoas. Estão organizados com o capital que distribui milhares de milhões de Euros a accionistas de empresas, donos de marcas ou fábricas, e que remetem as pessoas para as vidas precárias e complicadas. Os argumentos, procura-se que não tenham relação directa com a vida das pessoas, porque essa as pessoas sabem bem avaliar, está melhor ou pior, mais ou menos difícil. Ao mesmo tempo responsabilizam tudo e todos , como se as responsabilidades fossem iguais. Dizem-nos que vivemos acima das possibilidades e que temos de cortar com o supérfulo? O que dizem eles a 900 mil precários e outros tantos precários a falsos Recibos Verdes sem direito a Subsídio de Desemprego ou de Doença? Vivemos acima das nossas possibilidades?
Enquanto os bancos, ou melhor, os principais accionistas dos bancos, andam a brincar com milhões à espera de, num passe de mágica da esperteza saloia conseguir mais uns milhões que não se sabe a quem fazem falta, dizem-nos: andamos a viver acima das nossas possibilidades! Enquanto esses bancos, com lucros imorais nos anos de crise, pagam menos IRC do que a tabacaria que vende as esferográficas... vivemos acima das possibilidades?
Américo Amorim, que engorda a sua colossal riqueza à custa da venda da GALP, os Mello (Brisa) e outros que tal, esfregam novamente as mãos. Sócrates e seus pares (o que inclui outros partidos de poder) preparam-se para os compensar da audácia de cobrar as mais-valias obtidas em bolsa (a ver vamos, pois o documento não esclarece quando se aplicará essa tributação nem qual a receita esperada).
Sócrates prepara a venda de boa parte daquilo que ainda poderia servir para sustentar a economia (e os postos de trabalho) em períodos mais difíceis, e por isso, deveria ser de todos: a companhia de seguros da Caixa Geral de Depósitos (a Fidelidade), a EDP, Galp, REN, TAP, e também os CTT. Com esta forma de sair da crise económica (sim, porque elas são cíclicas), na próxima crise só a imaginação será o limite para perceber até onde chegará a selvajaria.
Se achamos que o novo escalão de IRS será uma tentativa de reequilíbrio social, só poderemos estar enganados. A factura da crise enriqueceu muita gente, e empobreceu muitos mais. Se há um novo escalão no IRS de 45%, o que será sempre adequado, também é certo que quem vive do seu trabalho vai também pagar mais impostos para menos serviços sociais, para menos Subsídio de Desemprego, para menos Escolas, para menos Saúde, para menos vida, para menos felicidade. Feitas as contas, para uns, a crise deu lucro, para muitos outros, deu prejuízo e colocou o futuro em causa.
Em nota de rodapé o Governo já avisou que não deve haver aumentos salariais para ninguém até 2013. E ninguém, porque sabem bem que a referência ainda é o sector público, logo, sem aumentos até 2013, e com mais impostos a pagar (sim, são mais impostos e menos dinheiro no bolso), quem vive do seu trabalho só pode esperar mais dificuldades.
Cá estaremos para não dar descanso a quem nos quer impôr as dificuldades que lhes facilita a vida. Cedemos só quando não tivermos outra hipótese, mas em todas as situações poderão aqueles senhores saber que iremos buscar toda a força para nos organizarmos e mostrar-lhes a luta que somos capazes de fazer.
http://www.precariosinflexiveis.org/2010/03/pec-apologia-do-dialeto-dos-...
http://pt.indymedia.org/conteudo/newswire/768
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