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11/03/2010

Manifesto de realizadores e produtores alerta para “catástrofe iminente” do cinema português

Um conjunto de realizadores portugueses, entre os quais Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Paulo Rocha, Alberto Seixas Santos, Jorge Silva Melo, João Botelho e Pedro Costa, e de produtores de cinema, lançaram hoje uma petição Manifesto pelo Cinema Português, dirigida à ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas. O texto (disponível no site Petição Pública e que será publicado amanhã no PÚBLICO) traça um quadro negro da situação no cinema que, dizem os subscritores, “vive hoje uma situação de catástrofe iminente e necessita de uma intervenção de emergência por parte dos poderes públicos”.

Afirmando que o financiamento do cinema português “desceu na última década mais de 30 por cento” (e lembrando que este é financiado por uma taxa sobre a publicidade e na televisão) e que “a produção de filmes, documentários e curtas-metragens não tem parado de diminuir”, os realizadores e produtores criticam sobretudo a “enorme encenação [...] que só serviu para legitimar o oportunismo de uns tantos” que foi a criação de um Fundo de Investimento para o Cinema e o Audiovisual (FICA).

Este fundo, que “era suposto trazer à produção 80 milhões de euros em cinco anos”, está “paralisado e manietado pelos canais de televisão e a Zon Lusomundo”, dizem. Investiu-se “quase nada” e o pouco que se investiu foi “em coisas sem sentido”. Por isso, os subscritores consideram “imperioso e urgente” que se normalize o funcionamento do Fundo “multiplicando as verbas disponíveis para investimento na produção de cinema e “tornando as suas regras de funcionamento transparentes e indiscutíveis.” O FICA foi criado em 2007 e envolve, para além do Estado, a Zon, a TVI, a SIC e a RTP (mas não o Meo, a Cabovisão e o Clix, facto que os produtores e realizadores também contestam).

Pedem ainda à ministra – “depois de mais de seis anos de inoperância e desleixo dos sucessivos ministros da Cultura, que conduziram o cinema português à beira da catástrofe” – uma política que leve à “normalização da relação da RTP com o cinema português, fazendo-a respeitar o Contrato de Serviço Público” e que aumente “de forma significativa o número de filmes, de primeiras-obras, de documentários, de curtas-metragens, produzidos em Portugal.”

Entre os subscritores do manifesto, que sublinham o “indiscutível prestígio internacional do cinema português”, estão ainda os realizadores João Canijo, Teresa Villaverde, Margarida Cardoso, Bruno de Almeida, Catarina Alves Costa e João Salavisa e produtores como Maria João Mayer (Filmes do Tejo), Alexandre Oliveira (Ar de Filmes) e Pedro Borges (Midas Filmes).

http://publico.pt/Cultura/manifesto-de-realizadores-e-produtores-alerta-para-catastrofe-iminente-do-cinema-portugues_1426630

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