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18/01/2010

Trabalhadores da Flor do Campo protestam na Segurança Social

Cerca de 60 trabalhadores da Flor do Campo concentram-se amanhã na Segurança Social, em Lisboa, para pedir o Fundo de Garantia Salarial como forma de antecipar o pagamento da dívida que só vão começar a receber em 2011.

“Fizemos dois pedidos de audiência à Segurança Social para requerer o Fundo de Garantia Social para os trabalhadores da Flor do Campo e, como não obtivemos resposta, amanhã [terça-feira] vamos concentrar-nos em frente à Segurança Social”, avançou hoje à Lusa Marlene Correia, do Sindicato dos Trabalhadores dos Sectores Têxteis, Vestuário, Calçado do Porto (SINTEVECC).

Em declarações à Lusa, a dirigente sindical adiantou que os trabalhadores da têxtil de Santo Tirso parada há três anos, cujo plano de insolvência foi aprovado em Outubro, alugaram um autocarro para se deslocarem a Lisboa e reclamarem a intervenção da Segurança Social.

“Os trabalhadores estão desesperados, porque para a maioria o fundo de desemprego está a chegar ao fim”, afirmou, realçando que o Fundo de Garantia Salarial permite antecipar o pagamento de parte das indemnizações (um montante até 18 vezes o salário mínimo nacional) a que têm direito e que só começarão a receber daqui por dois anos.

Segundo o plano de insolvência, aprovado com os votos contra dos trabalhadores, os credores da Flor do Campo vão receber 30 por cento dos créditos em dívida “em dez anos (20 prestações semestrais), mais dois anos de carência”.

A dirigente sindical realça que “o plano de insolvência foi aprovado com o voto favorável da Segurança Social”, o maior credor da empresa com um crédito de 33,3 milhões de euros, o que considerou ser “uma posição vergonhosa” daquela instituição.

O SINTEVECC já interpôs recurso à decisão do Tribunal de Santo Tirso que homologou o plano de insolvência, aprovado por 78 por cento dos credores em Outubro passado.

De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, a Flor do Campo tem 430 trabalhadores com créditos reconhecidos no valor de 3,7 milhões de euros, do qual receberão cerca de um milhão de euros.

O plano de insolvência recomenda ainda a reestruturação da empresa com “a manutenção da actual sociedade, com reestruturação do passivo e pagamento aos credores num plano financeiro a médio e longo prazo, passível de ser operado pelos credores e/ou investidores”, prevendo que 150 trabalhadores retomem o trabalho até 2011.

A dirigente sindical considera que “o plano de viabilização não tem pernas para andar, porque a empresa está parada há três anos e perdeu a carteira de clientes”.

A têxtil Flor do Campo, empresa de fiação, tecelagem e acabamentos que empregava 400 trabalhadores, em S. Martinho do Campo, está parada há três anos na sequência dos pedidos de suspensão ou rescisão dos contratos então apresentados pelos funcionários, após vários meses de incumprimento no pagamento dos seus salários.

Os trabalhadores apresentaram em 2006 um pedido de insolvência por “não verem futuro” na empresa, mas o despacho de prosseguimento da acção apenas viria a ser emitido pelo Tribunal Judicial de Santo Tirso dois anos mais tarde.

http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1418423

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