Portugal mantém o índice de pobreza de 18%, já depois das transferências sociais.
Em Portugal, 1,9 milhões de pessoas vivem com menos de 414 euros por mês, isto depois de receberem as prestações sociais. São pobres e representam 18% da população nacional, segundo os dados do Eurostat relativos a 2007, ontem divulgados. O País mantém o índice de pobreza de 2006 e continua acima da média europeia, 17%. E se compararmos as franjas etárias - os mais novos e os mais velhos -, a diferença da UE é de três pontos para pior.
O índice de pobreza em Portugal tem vindo a descer, tendo-se situado nos 20% em 2004, 19% em 2005 e 18% em 2006. Esta é a primeira vez em que o número de pobres se mantém, segundo contas do Eurostat de 2008 referentes a 2007 - a pergunta é relativa ao ano anterior à realização do inquérito.
Segundo o sociólogo Bruto da Costa, mais importante do que a diminuição do número de pobres no País é a lentidão com que tem vindo a descer. "A questão está em saber se essa redução é satisfatória e, na minha opinião, é claramente insatisfatória", argumenta o presidente do Conselho Económico Social. Bruto da Costa fez as contas e concluiu que, a este ritmo, chegaríamos a 2015 com um índice de pobreza " bastante elevado para os objectivos do Milénio".
Pobre, segundo o conceito da Comissão Europeia, é toda a pessoa que recebe menos de 60% da mediana dos salários do país onde reside, o que em Portugal significa 5800 euros anuais e representa 414 euros mensais, divididos por 14 meses. Este é um valor difícil de alcançar sobretudo para quem tem menos de 18 anos (23% de pobres neste grupo etário) e mais de 64 (22% são pobres). E mesmo quem tem um emprego pode cair numa situação de pobreza, o que acontece com 12% dos empregados portugueses. A média europeia é de 8% dos trabalhadores.
O indicador de pobreza coloca Portugal numa situação melhor do que a Espanha, a Grécia (ambos com 20% de pobres) e a Itália (19%), mas a comparação não pode ser linear, adverte Bruto da Costa, que explica: "As comparações internacionais não podem disfarçar a realidade. O que é importante é perceber o que é que a pobreza significa na cultura portuguesa e o que é possível fazer com os recursos que temos."
É que o Eurostat também revela que 64% dos portugueses não podem pagar uma semana de férias fora da sua residência, quase o dobro da média europeia (37%). Trinta e cinco por cento não têm dinheiro para aquecimento da casa (9% na UE) e nove por cento não têm carro (igual à média europeia). E quatro por cento dos portugueses não conseguem pagar uma refeição com carne, galinha ou o equivalente em legumes, de dois em dois dias. A média dos 27 é bem mais elevada, 9%.
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1473154
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