Vítor Constâncio, numa exposição no Parlamento, mostrou indicadores de que os bancos portugueses mostraram ter solidez e capacidade de adaptação nesta crise e que continua a crescer, embora menos, o crédito concedido a empresas e particulares, “embora esse crescimento esteja a desacelerar”.

“É verdade que o crescimento do crédito concedido está a desacelerar, sobretudo a particulares”, disse o governador, mas a contracção económica não tem como causa esse abrandamento.

Vítor Constâncio fundamenta esta análise no facto de esperar para este ano uma taxa de crescimento do crédito total entre 4 a 5%, quando a contracção da economia deverá ser de 3,5%.

“Não é por uma restrição no crédito que a economia portuguesa está a entrar em terreno negativo”, afirmou, considerando que mais grave será se houver um contágio da economia real aos resultados da banca e das instituições financeiras.

Esses riscos existem, referiu o governador, apresentando um conjunto deles, como “a forte concentração – 60% do total - do crédito bancário ao sector da construção e imobiliário”, mas sobretudo o incumprimento.

Este impacto já se sente nos resultados dos bancos, que em 2008 tiveram de aumentar as provisões para imparidades (prejuízos potenciais) em mais de 100%, e a situação “vai continuar a agravar-se”, prevê Constâncio.

O que mais preocupa é o aumento, desde Janeiro de 2008, do incumprimento no novo crédito concedido, referiu, sendo esta a razão pela qual os bancos estão a subir os “spreads”, em resposta ao aumento do risco do crédito que concedem.

SIC - 27.05.09