Milhares de italianas protestaram contra as aventuras sexuais de Silvio Berlusconi, envolvido em vários escândalos de ordem sexual, e exigiram "respeito à dignidade das mulheres".
Uma das maiores concentrações ocorreu na Piazza del Popolo, em Roma, com grande participação também de homens e crianças.
Apesar de não terem sido fornecidos dados oficiais dos participantes, o protesto juntou entre 50 mil a 100 mil pessoas.
As manifestações também queriam chamar a atenção para as dificuldades da mulher italiana, reivindicar o seu direito de trabalhar, ter ajuda (creches, jornadas de trabalho) caso queira ter filhos e o fim das discriminações.
Vários eram os cartazes com frases como "Não me chamem de prostituta, sou uma escrava" e uma imensa faixa rosa a pedir "um país que respeite todas as mulheres" foi colocada no alto de um prédio.
Em Milão, apesar da chuva, milhares de pessoas criticaram a "imagem indecente" que Berlusconi projecta para a Itália.
"Estamos aqui para dizer que as mulheres em Itália não são como as prostitutas de Berlusconi. É uma imagem horrível, somos a piada do mundo", afirmou Maria Rosa Veritta, uma dona de casa de 60 anos que vive em Arcore, perto de Milão, onde se encontra a residência de Berlusconi, palco de festas com dezenas de mulheres.
Palermo foi o primeiro lugar a começar com as manifestações, com cerca de 10 mil manifestantes.
Apesar de não haver referências a sindicatos ou grupos militantes, a maioria de direita viu esta manifestações como um ataque político.
"As pessoas que se manifestam em inúmeras cidades italianas pertencem ao movimento anti-Berlusconi promovido pela esquerda", afirma Fabrizio Cicchitto, chefe dos deputados do Povo da Liberdade (PDL, de Berlusconi).
Giulia Buongiorno, uma militante de direita, ex-membro do PDL e importante dirigente do grupo Futuro e Liberdade, criado por dissidentes, disse que se manifestou "não para criticar as festas ousadas mas sim pelo facto que as mesmas se convertam num sistema de selecção da classe dirigente", em referência a Nicole Minetti, uma das organizadoras das festas nomeada conselheira regional do PDL.
Também foram realizadas manifestações fora de Itália. Em Lisboa mais de 30 cidadãos italianos protestaram hoje à tarde contra Sílvio Berlusconi e pela dignidade das mulheres; Em Tóquio reuniram-se centenas de pessoas bem como em Toulouse, França. Em Bruxelas, mais de mil mulheres exibiram cartazes que diziam "Não estamos à venda".
Em Trieste (norte), foram 3 mil manifestantes, em Bari (sudeste), 10 mil, segundo os organizadores. Em Veneza, 9 mil pessoas participaram nos protestos.
Para uma boa parte dos italianos e italianas, o escândalo sexual que está a ser chamado de Rubygate, envolvendo Silvio Berlusconi, foi a gota de água para as peripécias sexuais de Il Cavaliere.
O Rubygate é destaque na imprensa italiana há várias semanas, com a publicação de dezenas de transcrições de conversas telefónicas entre várias jovens e os organizadores de festas com supostas orgias nas residências de Berlusconi. A investigação está centrada nos serviços sexuais que o Cavaliere obteve de Ruby, quando esta era menor de idade, entre Fevereiro e Maio de 2010, e a sua intervenção junto da polícia para obter a libertação da marroquina depois de ter sido detida a 28 de Maio por roubo.
Berlusconi e Ruby negam qualquer relação sexual. A jovem admite apenas que participou em jantares "completamente normais".
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