O jornal comunista Avante! nasceu há 80 anos «na sombra da clandestinidade», com o objectivo de «denunciar ao povo português todos os crimes que contra ele se praticam diariamente», enunciava a primeira edição.
A mensagem dirigida «ao proletariado de Portugal» que preenchia a primeira página do número um do Avante!, lançado a 15 de Fevereiro de 1931, afirmava que a publicação pretendia «iluminar o caminho que o proletariado português deverá seguir para alcançar o poder político e económico do país, para alcançar a sua emancipação».
No jornal, com quatro páginas, o Partido Comunista dizia ser alvo de uma «persistente repressão por parte do governo» e afirmava-se decidido a «desenvolver uma maior acção revolucionária, dispondo-se a lutar, sem desânimo, pelos sagrados direitos do proletariado português».
Entre artigos, redigidos pela «comissão de imprensa», sobre «o dia de luta para os desempregados», que não tinham apoios do «governo clericalista de Salazar», e críticas de que os «sociais-democratas continuam a sua obra de colaboracionismo e de traição», lembrava-se a «despesa enorme» que acarretava elaborar a «publicação clandestina», apelando-se à compra de rifas de 20 livros dos «melhores autores revolucionários» para ajudar a enfrentar esses custos.
Na primeira década, o jornal teve uma «existência atribulada, impeditiva de uma edição regular, que reflectia também a situação do partido», passando a ter uma regularidade mensal «a partir da reorganização de 1940/41, em que Álvaro Cunhal teve papel destacado», afirma o PCP.
A sua publicação era assegurada por militantes comunistas, muitos anónimos, através de uma «rede de tipografias clandestinas - sempre que uma era atacada pela PIDE [polícia política da ditadura salazarista] e destruída, ou presos os seus funcionários, outra tomava imediatamente o testemunho».
«Dos partidos políticos então existentes, só o PCP - que este ano comemora 90 anos de vida e de luta - não acatou a ordem de dissolução decretada pelo fascismo, optando pela resistência, uma opção só possível nas condições da mais severa clandestinidade, e o Avante! foi a palavra escrita dessa resistência», afirmam os comunistas, num comunicado.
Oitenta anos e quase duas mil edições depois, o PCP destaca o «papel insubstituível do Avante! na batalha ideológica e na mobilização para a luta dos trabalhadores, da juventude e do povo português».
Para os comunistas, o jornal é «incontornável e insubstituível para compreender as grandes questões do nosso tempo, acompanhar a luta dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo, conhecer a amplitude e a intensidade da intervenção do PCP».
A publicação - que dá nome à Festa do Avante!, que este ano realiza a 35.ª edição - assume-se «sempre ao lado dos trabalhadores e do povo» e «na primeira linha do incentivo à luta pela rutura com a política de direita e por um novo rumo».
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