A greve geral de 29 de Junho, a 11.ª num período de seis meses, paralisou fábricas, portos, caminhos-de-ferro, aeroportos, imprensa, serviços da administração pública, escolas e hospitais em toda a Grécia. Hoje, o país volta a parar.
Apesar de todo o tipo de manobras utilizadas pelas forças da burguesia para impedir a adesão à greve, os trabalhadores resistiram com bravura levando a cabo mais uma grandiosa jornada de protesto.
Depois da paralisação total do porto do Pireu, no dia 23, na sequência da greve da PAME (Frente Militante dos Trabalhadores), este sector foi mais uma vez palco de uma dura confrontação de classes.
Os sindicatos das tripulações de manutenção de motores, dos engenheiros da marinha mercante e forças da PAME não cederam às pressões do governo e dos armadores e voltaram a paralisar a frota com um estrondoso êxito.
Os métodos sujos
da burguesia
Segundo refere no seu site o Partido Comunista da Grécia, a greve no Porto do Pireu foi alvo de «uma das operações mais sujas contra o movimento operário». Para além de várias decisões judiciais que declararam a paralisação ilegal, foram emitidos mandados de prisão contra os sindicalistas da PAME e dirigentes dos sindicatos de marítimos.
Na véspera da greve, uma bomba explodiu frente à casa do líder sindical da PAME em Tessalónica, com o claro objectivo de intimidar as forças sindicais de classe.
Porém, a intimidação e a repressão por parte das forças de choque e do corpo de polícia portuária, que chegaram a usar gases químicos contra os trabalhadores, não impediram as forças da PAME de entrar na área do porto para formarem piquetes de greve.
A grande maioria dos navios ficou bloqueada e os poucos que largaram amarras fizeram-no porque houve «revólveres apontados à cabeça dos tripulantes» e mesmo assim «sem passageiros, nem veículos embarcados. Muitos trabalhadores foram agredidos e feridos pelas forças da repressão».
O êxito da greve foi assim uma resposta contundente à propaganda dos media burgueses que acusam a PAME de prejudicar o turismo com sucessivas paralisações, ignorando a legitimidade dos protestos contra as medidas de «austeridade» impostas pelo governo que estão a reduzir os trabalhadores e o povo à pobreza.
Manifestações poderosas
Em Atenas, dezenas de milhares de pessoas que integraram as manifestações da PAME desembocaram frente ao parlamento. Noutras 60 cidades do país decorreram igualmente desfiles de protesto contra a eliminação de direitos de segurança social, o aumento da idade da reforma, a redução de pensões, a liberalização dos despedimentos, o aumento de impostos, a flexibilização das relações de trabalho, a redução e congelamento de salários por três anos e a abolição do 13.º e 14º mês.
«Eles legitimam o crime contra os nossos direitos à segurança social, legitimam o roubo dos nossos rendimentos e depois os ladrões acusam as suas vítimas porque resistem ao assalto e denunciam os que cometem tais crimes.
«A nossa resposta a esta legalidade burguesa é que a lei é o que é justo para os trabalhadores, são os seus direitos e não os lucros dos capitalistas. Por isso terão sempre de confrontar-se connosco», afirmou no comício Yiannis Tassioulas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.
Os manifestantes da PAME, em Atenas, lançaram um apelo de solidariedade internacional de classe aos trabalhadores, aos sindicatos de classe da Europa e aos sindicalistas europeus que lutam contra a violenta ofensiva antilaboral, incitando-os a coordenarem esforços na luta e a rejeitarem todas as forças que desarmaram o movimento dos trabalhadores através de uma política de conciliação, de submissão e colaboração de classe.
Para a PAME, a experiência das lutas actuais torna mais urgente o combate pelas mudanças radicais, pelo controlo da riqueza produzida pelos trabalhadores e pela passagem para as suas mãos dos meios de produção.
Hoje, quinta-feira, os trabalhadores de todos os sectores voltam a paralisar em protesto contra as alterações à segurança social que deverão ser votadas no parlamento.
Estratégia única do capital
Na resolução aprovada, dia 29, na concentração frente ao parlamento de Atenas, a Frente Miliante de Trabalhadores (PAME) dirige um apelo a todos os trabalhadores da Europa para coordenarem forças para resistir à violenta ofensiva antilaboral nos diferentes países da UE.
O texto sublinha que «a classe operária em todos os países europeus está confrontada com uma estratégia única, bem elaborada, por parte do capital monopolista», a qual tem como objectivo não só despejar as consequências da crise sobre os trabalhadores mas também garantir a rentabilidade do capital a longo prazo mediante a eliminação dos direitos laborais e o aumento da exploração.
«Os governos, sejam neoliberais ou sociais-democratas, estão aplicando as mesmas medidas. Representam os mesmos interesses», salienta a resolução notando mais à frente que a crise que lhes serve de pretexto foi «gerada pela anarquia capitalista e a sobreacumulação de lucros. É uma crise profunda que demonstra os limites históricos do capitalismo, um sistema que está apodrecendo e engendra numa escala massiva o desemprego, a pobreza, a guerra, a repressão».
Caracterizando a Confederação Europeia de Sindicatos como uma organização burocratizada que «apoia, de facto, as estratégias da UE», cuja «política de reconciliação com o capital» e de «colaboração de classes» tem desarmado o movimento operário, a PAME lança o apelo a todos os sindicatos de classe para que coordenem os seus esforços a nível europeu em torno de objectivos comuns.
«O objectivo destas lutas deve ser a rejeição das medidas antilaborais (…) devemos exigir medidas que satisfaçam as necessidades das famílias (…) devemos ajudar a que a classe operária na Europa compreenda que o nosso futuro não é o capitalismo».
http://www.avante.pt/pt/1910/europa/109476/
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