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09/07/2010

"Para a banca há milhões, para trabalhadores só tostões"

Sindicatos responderam ao apelo da CGTP, organizando manifestações em todo o País. Em Lisboa, milhares saíram à rua.

"Para a banca há milhões, para os trabalhadores só há tostões." As palavras de ordem multiplicavam--se ontem pelas ruas de Lisboa enquanto uma multidão se dirigia a passo lento até à porta da residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, em São Bento.

Nem o calor tórrido que se fez sentir em Lisboa impediu milhares de pessoas de aderir à manifestação convocada pela CGTP, que às 15.00 partiu do Rossio.

A organização sindical desafiou todas as capitais de distrito a aderir ao "Dia Nacional de Protesto e Luta". Um dia que foi de contestação "contra o aumento do desemprego, a precariedade laboral e os cortes nas políticas sociais e salários".

Greves, plenários e manifestações realizaram-se um pouco por todo o País, numa demonstração de descontentamento em relação às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.

Por entre bandeiras e megafones, os manifestantes de Lisboa não pouparam as cordas vocais para lançar frases como "O trabalho é o direito, sem ele nada feito" ou "É preciso, é urgente uma política diferente".

Uma das vozes era a de Maria da Saúde, de 65 anos, que explicou ao DN que estava ali "integrada na luta contra o aumento do custo de vida" e "as medidas do PEC". Reformada do sector metalúrgico porque "o patrão levou a empresa à falência", Maria afirmou que "muitas das regalias que foram conseguidas ao longo dos anos estão a ir por água abaixo". "Um país, o progresso e a justiça só se conseguem com emprego", defendeu enquanto voltava a embrenhar-se na multidão.

Ainda antes do início do protesto, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, disse, em declarações à Lusa, acreditar que as manifestações do dia de ontem vão "criar dinâmicas de atenção na sociedade" e motivar o diálogo por parte do Governo.

O líder sindical sublinhou ainda algumas das preocupações inerentes aos protestos, como a "denúncia da injustiça e da incoerência das políticas que têm sido seguidas" e o combate ao "amorfismo e à indiferença".

Quando os manifestantes chegaram ao seu destino, Manuel Carvalho da Silva fez um pequeno discurso em que considerou um "escândalo" que "interesses de especulação financeira e económica estejam acima dos direitos das pessoas".

Numa resolução aprovada por unanimidade no final do protesto, os manifestantes comprometeram-se a participar nas acções de luta que a central sindical aprovar na terça-feira.

O documento assume a continuação da luta contra as políticas económicas e sociais do Governo, mesmo durante o Verão.

http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1614011

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