À beira dos 11 por cento, a taxa de desemprego divulgada na semana passada pelo Eurostat constitui o valor mais elevado desde há 30 anos e a constante subida é uma diferença para pior face à UE.
Para a CGTP-IN, os números do Eurostat, relativos a Maio, «confirmam a evolução negativa do desemprego em Portugal». «São já 10,9 por cento os trabalhadores empurrados para uma situação de desemprego, valor mais elevado dos últimos 30 anos», refere a central, numa nota emitida sexta-feira. Desde Março, na Zona Euro, a taxa oficial permanece nos 10 por cento, enquanto no conjunto dos 27 estados-membros tem sido de 9,6 por cento; nesse período, assinala a Intersindical, o desemprego em Portugal continua a subir, constituindo em Maio a quarta maior taxa de desemprego da União Europeia.
A informação do Eurostat «vem confirmar as preocupações manifestadas pela CGTP-IN, exigindo do Governo, não só uma inversão na retirada das “medidas anti-crise”, como o seu aprofundamento e alargamento». Quando sobe o número de desempregados, «não é aceitável» que se retire apoios, o que deixa «cada vez mais trabalhadores e suas famílias numa situação de privação, com inevitáveis consequências no plano da exclusão social e da pobreza». A Inter aponta o paradoxo de esta situação ocorrer no «ano europeu contra a pobreza e exclusão social», bem como numa altura em que foi revelado o aumento do número de milionários no nosso país.
Também o aumento das retenções de IRS e a subida do IVA «só contribuirão para uma maior degradação da condições de vida, com perda de poder de compra e com implicações na dinamização da economia, introduzindo novos factores de depressão sobre o emprego».
Neste contexto, «a inversão de políticas é um imperativo e uma exigência», insistindo a CGTP-IN na exigência de «crescimento económico» e de «uma política que tenha como objectivo central romper com o ciclo estagnação económica - desemprego - mais estagnação económica». Sem essa alteração de política, «é com um futuro cada vez mais hipotecado que se depararão os trabalhadores, com especial incidência nos jovens, cuja taxa oficial de desemprego se situa acima dos 22 por cento», previne a central.
Dos centros de emprego do IEFP no distrito do Porto foram eliminados 8870 desempregados, protestou anteontem a USP/CGTP-IN. No final de Abril, estavam registadas 132 854 pessoas; em Maio, inscreveram-se mais 8518 e foram colocadas 836; mas, em vez de 140 536, o IEFP apenas indica 131 666, para o final de Maio, «sem qualquer explicação», refere um documento que a União dos Sindicatos do Porto divulgou numa conferência de imprensa sobre a preparação do «dia nacional de protesto e luta».
Mesmo assim, por comparação com Maio de 2009, houve um aumento de 13 por cento, com mais 15 316 pessoas à procura de emprego, o que representa um ritmo de mais dois desempregados por hora. Relativamente a Abril, ocorre uma redução de 0,9 por cento (menos 1188 registos), mas verifica-se um aumento de 2,2 por cento no emprego de longa duração (mais 2388 desempregados inscritos há mais de um ano).
No distrito de Braga, haverá mais uns dez mil desempregados do que os quase 57 mil que, segundo o IEFP, estavam inscritos em Maio nos centros de emprego. A estimativa, da direcção regional do Movimento dos Trabalhadores Desempregados, remete para os jovens à procura de primeiro emprego e para os desempregados que perderam o subsídio mas continuam sem trabalho. Em conferência de imprensa, na segunda-feira, o movimento apelou à participação nas acções de hoje da CGTP-IN.
O MTD voltou a alertar para as consequências das alterações ao regime de protecção social no desemprego, com as quais o Governo procura diminuir o valor do subsídio de desemprego, mudar o conceito de emprego conveniente e restringir o acesso ao subsídio social de desemprego. «Uma sociedade a abarrotar de desempregados é uma sociedade totalmente desequilibrada, injusta e sem qualquer futuro», acusa o MTD.
http://www.avante.pt/pt/1910/trabalhadores/109557/
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