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09/07/2010

Número de famílias sobreendividadas bate recorde

A queda dos juros não travou avalanche de pedidos de auxílio à Deco. Há cada vez mais salários penhorados.

Quase 1500 famílias sobreendividadas pediram ajuda à Deco - Associação de Defesa do Consumidor no primeiro semestre deste ano, o que faz antever um novo recorde nos processos de sobreendividamento no final de 2010. Uma novidade: muitas empresas estão a pedir conselhos devido ao crescente número de trabalhadores com salários penhorados.

Até final de Junho, o número de portugueses com dificuldades e dívidas de créditos em atraso com processos de auxílio abertos nos Gabinetes de Apoio ao Sobreen- dividado (GAS) da Deco atingia sensivelmente o mesmo registado em idêntico período do ano passado: 1461 processos em 2010 contra 1422 em 2009. Uma evolução que faz antever que o recorde de 2812 processos registados em 2009 voltará a ser batido.

Face ao primeiro semestre de 2008, o número de sobreendividados duplicou, apesar de o número de processos iniciados em Junho (203) ter caído em relação ao mês anterior.

Esta manutenção do elevado nível de sobreendividamento declarado é tanto mais preocupante quanto acontece num quadro de taxas de juro reduzidas, como refere ao DN Natália Nunes, jurista da Deco.

"As pessoas tiveram uma ajuda em 2009 e princípio de 2010, com a queda de Euribor, mas a situação vai agravar-se em 2011", prevê esta responsável, referindo-se à subida, já visível, das taxas de juro. Isto num quadro de continuado agravamento do desemprego, a principal causa geradora de novas situações de sobreendividamento, com 27,1% do total.

Segundo esta responsável da Deco, a folga que a queda das taxas de juro trouxe a algumas famílias não foi devidamente canalizada para a poupança, como aconselham técnicos e também o bom senso em época de crise. "As pessoas não alteram os seus hábitos e continuam a consumir e a endividar-se", refere, acrescentando que aos GAS da Deco continuam a chegar famílias com taxas de esforço (parte do rendimento mensal afecto ao pagamento de empréstimos) de 90% e outras já a braços com a justiça.

A Deco, nas diversas acções de formação e sensibilização que tem vindo a de-senvolver, depara-se com uma nova realidade. "São muitas as empresas que pedem a nossa ajuda a nível da sensibilização, pois confrontam-se com a penhora de salários dos seus funcionários", salienta.

Além do desemprego, a deterioração das condições laborais, 15,1%, e doença, 23,2%, são as causas mais comuns que levam ao sobreendividamento. Em média, cada família nesta situação paga ao mesmo tempo 5,3 créditos.

http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1613998

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